O Governo, a coligação e o CDS
O Governo não é um cadáver adiado, é um elenco em adiantado estado de putrefação à espera de uma aragem que nos liberte do odor e da náusea que exala na lenta agonia.
A situação internacional é difícil para quem tem preparação e capacidade, mas torna-se insuportável para quem faz da governação uma leve ideia, tem ódio à Constituição e não encontra na coligação o cimento que exceda a capacidade de aglutinação da saliva.
Com um governo assim pouco importa que o vento corra ou não corra de feição, porque não ajuda quem não sabe para onde vai nem conhece o caminho que é preciso percorrer.
O primeiro-ministro limita-se a chantagear o tribunal Constitucional e o líder do CDS a defender os interesses do seu partido para disputar as eleições autárquicas.
Já não existe coligação, se alguma vez existiu, com Portas a mandar os homens de mão a exigir uma remodelação dos ministros do PSD e este a engolir em seco a afronta que não pode esconder. O casamento de conveniência é mera união de bens, com separação de pessoas, num processo em que os cônjuges sentem vergonha mútua, partilhando a manjedoura e fugindo da cama.
O padrinho lambe, em silêncio, as feridas das acusações de Sócrates na sua clausura de Belém, enquanto o Governo, que patrocinou, se desfaz perante a incapacidade política de o substituir e a responsabilidade de arranjar uma alternativa depois de ter destruído o capital ganho na eleição que lhe renovou o mandato.
Perante a incerteza, é Portugal que sofre a espiral desta desgraça, sem rumo, sem projeto e sem esperança, num desespero em que era preciso um PR respeitado e corajoso e uma oposição preparada para mobilizar o País.
Comentários
E se ainda houver espaço para mais um freeport... vamos a isso.