Conventos, ‘vida’ monástica e liberdade
As religiões têm casas de reclusão, a pretexto da piedade e da oração, onde encarceram débeis de vontade, fanáticos do divino ou devotos depressivos. Às vezes são as vítimas de famílias que lhes querem confiscar a herança, de coação ou de chantagem. Têm, em regra, uma hierarquia rígida, uma disciplina despótica e um tratamento desumano. Bem sabemos que é para maior glória de Deus e para gozo da Santa Madre Igreja.
Os conventos estão atribuídos a Ordens, consoante as patologias. Uns dedicam-se à contemplação, outros ao silêncio, vários à autoflagelação, quase sempre em acumulação de diversas perversões que, no caso da ICAR, são autorizadas pelo Papa e conduzem em regra o/a fundador/a à canonização.
Admitamos que as vítimas se encarceram de livre vontade, que o desejo do Paraíso as inclina para o masoquismo, que a ociosidade as anula, que a inteligência, a vontade e os sentimentos se consomem na estéril clausura e na violência dos votos. Aceitemos que há seres racionais a crerem que, algures, um deus aprecia a alienação, o sofrimento e a violência. Imaginemos um Deus que se baba de gozo com ambientes concentracionários despoticamente defendidos por madres ou frades ungidos do direito à tirania.
A título de exemplo lembro a Ordem das Carmelitas onde, só a título muito excecional, é permitido falar. E essa magnânima autorização tem fortes grades a proteger qualquer encontro. É nestes ambientes carcerários, privados de nome, de pertences e de memória, que exércitos de inúteis vestidos de forma bizarra se encontram ao serviço do Papa.
Na Irlanda, há anos, o Governo foi constrangido a averiguar o que se passava no campo de concentração «As irmãs de Maria Madalena», tendo fechado a espelunca e libertado as vítimas, condenadas a prisão perpétua pelas próprias famílias, por terem sido mães solteiras ou, apenas, demasiado bonitas, perigosas na sedução dos homens.
Será possível que os Governos democráticos, a quem cabe a defesa da Constituição, o dever de respeitar e fazer respeitar os direitos e liberdades dos cidadãos, se conformem com a renúncia à cidadania e não averiguem se é de livre vontade que bandos de frades e freiras façam de lúgubres conventos o mausoléu da vida?
Ponte Europa / Sorumbático
Os conventos estão atribuídos a Ordens, consoante as patologias. Uns dedicam-se à contemplação, outros ao silêncio, vários à autoflagelação, quase sempre em acumulação de diversas perversões que, no caso da ICAR, são autorizadas pelo Papa e conduzem em regra o/a fundador/a à canonização.
Admitamos que as vítimas se encarceram de livre vontade, que o desejo do Paraíso as inclina para o masoquismo, que a ociosidade as anula, que a inteligência, a vontade e os sentimentos se consomem na estéril clausura e na violência dos votos. Aceitemos que há seres racionais a crerem que, algures, um deus aprecia a alienação, o sofrimento e a violência. Imaginemos um Deus que se baba de gozo com ambientes concentracionários despoticamente defendidos por madres ou frades ungidos do direito à tirania.
A título de exemplo lembro a Ordem das Carmelitas onde, só a título muito excecional, é permitido falar. E essa magnânima autorização tem fortes grades a proteger qualquer encontro. É nestes ambientes carcerários, privados de nome, de pertences e de memória, que exércitos de inúteis vestidos de forma bizarra se encontram ao serviço do Papa.
Na Irlanda, há anos, o Governo foi constrangido a averiguar o que se passava no campo de concentração «As irmãs de Maria Madalena», tendo fechado a espelunca e libertado as vítimas, condenadas a prisão perpétua pelas próprias famílias, por terem sido mães solteiras ou, apenas, demasiado bonitas, perigosas na sedução dos homens.
Será possível que os Governos democráticos, a quem cabe a defesa da Constituição, o dever de respeitar e fazer respeitar os direitos e liberdades dos cidadãos, se conformem com a renúncia à cidadania e não averiguem se é de livre vontade que bandos de frades e freiras façam de lúgubres conventos o mausoléu da vida?
Ponte Europa / Sorumbático
Comentários
A opulência real e a arrogância dos nobres é magistralmente relatada no livro de Saramago num gritante e romanesco contraste com a miséria dos pobres (representados por Baltazar e Blimunda) e ainda um clero sabujo e intolerante mergulhado nos criminosos meandros da Inquisição.
De facto, a realidade e o drama está onde sempre esteve, i. e., na gente que foi obrigada a erguer esse convento e não na 'piedosa' promessa de um 'magnânimo senhor' em o mandar construir.
Bretch explica isso.