Cristas ou gato escondido com o rabo de fora…

Ainda sobre os trágicos incêndios de Pedrogão Grande, Castanheira de Pêra, Figueiró dos Vinhos, etc., ontem, no debate parlamentar, a deputada Assunção Cristas veio liça com esta ‘pérola’:
"Não há ninguém no Governo que ponha ordem na casa? Não há ninguém que diga às pessoas que, se não têm uma resposta consensual e definitiva, então que estejam calados, porque isto destrói a confiança nas instituições?" link.
 
Para a líder do CDS a ‘confiança política ’ adquire-se pela aplicação da ‘lei da rolha’. E as análises, opiniões, impressões e dúvidas só podem tornar-se públicas quando forem servil e habilidosamente orquestradas para funcionarem em coro, isto é, adquirirem o estatuto que eufemisticamente considera como ‘consensuais e definitivas’.
 
Esta concepção de procurar o esclarecimento dos factos sob um obscuro manto de silêncio para ocultar diferenças (negando as opiniões plurais) até ‘fabricar’ um pseudo-consenso é para esta líder partidária ‘por a ordem na casa’.
Terá sido neste registo que se manteve 4 anos e meio em funções governativas. Foi neste doce, ledo e cego engano que assinou de cruz 'resoluções bancárias'.
 
Conhecemos o método: abafa-se as diferenças, silencia-se as divergências, fabrica-se um diktat e anuncia-se que ‘não há alternativa’. Já demos para este peditório durante 4 anos (de 2011 a 2015). Já gastamos o plafond de tolerância perante esta metodologia ultraconservadora plena de arrogância, prepotência e autossuficiência, em que a imposição da 'ordem' se sobrepõe à livre expressão.
 
O devastador incêndio que o País foi confrontado não é um assunto reservado, nem um segredo de Estado. As largas dezenas de mortes e as centenas de feridos, a devastação de um expressivo património natural e edificado, os avultados danos materiais e psicológicos inerentes são, isso sim, uma tragédia nacional. E o carácter nacional significa que dizem respeito a todos os portugueses e portuguesas. Para um melhor e límpido esclarecimento dos factos a cavalo da verdade a discussão deve ser pública e sem as tradicionais baias do ‘politicamente correto’.
 
O Parlamento é – enquanto órgão representativo dos cidadãos - a sede privilegiada para discutir esta tragédia. Todavia, não é a sede única e exclusiva.
A sociedade civil não pode, nem deverá, eximir-se de o fazer. Com base nos factos (bons ou maus) que já se conhecem e venham a apurar.
A ‘confiança nas instituições’ depende desta abertura aos múltiplos diálogos (que ainda está por estabelecer) e não de pactos de silêncio.
 
Alguém será capaz de explicar isto à líder do CDS ou será preciso fazer um desenho?.

Comentários

victor sousa disse…
não houvesse no "berço" da Cristas uma UN, e o que ela diz podia causar estranheza.

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