Notas soltas – abril/2017
Alemanha – A
senhora Angela Merkel continua um exemplo raro de estadista, quer na recusa do
uso do véu, na visita à Arábia Saudita, quer na denúncia, perante Putin, das
perseguições homofóbicas na Chechénia.
Turquia – Depois
de um referendo, convocado em estado de emergência e com prisões cheias de
adversários, Erdogan foi felicitado por Putin e Trump pela vitória que permite
um regime presidencial autoritário e o fim do Estado laico. A UE não se congratulou.
Nigéria – A seita
terrorista Boko Haram, leal ao Estado Islâmico, matou 15.000 pessoas e já provocou
mais de dois milhões de refugiados. O seu intuito é aplicar a sharia, mas libertou 82 meninas,
sequestradas desde abril de 2014, para libertar terroristas presos.
França – A
vitória de Macron, na segunda volta das eleições presidenciais, só afastou o
perigo fascista. A inquietante percentagem de Marine le Pen já duplicou a do
pai, e só se transformou em lenitivo por ter ficado aquém das previsões.
EUA – O
afastamento do diretor do FBI, James Comey, que dirigia as investigações às
supostas ligações entre o Governo russo e pessoas próximas de Donald Trump, agravou
o clima de suspeição sobre a interferência na eleição que lhe deu a vitória.
Macron – O
presidente da República Francesa, ao constituir um governo com pessoas de
esquerda, do centro e da direita, não forma um governo de salvação nacional,
mas é imperioso que não falhe para que fascismo não tenha uma vitória, apenas
adiada.
Fátima – A reiterada
presença de cadetes fardados das Forças Armadas, a carregar com o andor da
Senhora de Fátima, na procissão das velas, um hábito desde 1945, contraria a
matriz laica do regime e a neutralidade religiosa a que o Estado é obrigado.
Eurovisão – O
Festival da Canção/2017 consagrou um grande artista, Salvador Sobral, e a
excelente compositora, Luísa Sobral, ao conceder o 1.º prémio a Portugal. Premiou
o trabalho honesto de dois irmãos e a língua portuguesa em que se exprimiram.
UE – A
insistência de Macron na revisão dos tratados e na harmonização fiscal europeia
é uma proposta que os países do Sul devem apoiar. É urgente convencer o ministro
das Finanças, Schäuble, de que o maior problema europeu não é a Grécia, é a
Alemanha.
Angela Merkel –
As sucessivas vitórias nas eleições regionais auguram-lhe um triunfo nacional
nas legislativas. Apesar de conservadora, é uma estadista corajosa contra o
racismo e a xenofobia. A sua eventual vitória é também uma derrota da
extrema-direita.
Polónia – O
retrocesso democrático, com reiterada violação das regras de um Estado de
direito, inquieta os Estados membros da União Europeia, a ponto de advertirem o
País e expressarem, pela primeira vez, inquietação pelos excessos autoritários.
Governo – A
economia cresce acima da UE há 3 trimestres e as metas foram superadas. Cavaco
e Passos Coelho, vaticinando o caos, pela alteração das políticas e apoio do BE,
PCP e PEV, veem arruinada a já débil reputação e deixam a direita sem
argumentos.
A.N.A. - Aeroportos
de Portugal – O caos provocado, no dia 10 de maio, pela falta de
combustível no aeroporto de Lisboa, com cancelamento de voos, prova quão
ruinosa foi a privatização, que hipoteca também a expansão aeroportuária
nacional.
União Europeia –
Combalida com o Brexit, de consequências imprevisíveis para todos, só o êxito
de Macron, europeísta convicto, pode evitar que a Europa seja cada vez mais
alemã e a Alemanha cada vez menos europeia, ou se desintegre.
Brasil – A acusação
formal, por corrupção, organização criminosa e obstrução à justiça, ao ainda presidente,
Michel Temer, acelerou a agonia do regime e coloca o País entre a urgência de
rever a Constituição, para admitir eleições imediatas, e o perigo da ditadura.
Brasil_2 – Quando
um empresário (Joesley) enriquece a comprar políticos e é perdoado a denunciá-los,
não há um poder judicial do Estado de direito, há grupos de políticos e de
magistrados a exercerem chantagem e vingança, num estado de corrupção endémica.
Stephen Hawking –
O célebre físico britânico disse que temos 100 anos para encontrar novo planeta
para sobrevivermos, e há líderes que procuram apressar o caos, alheios ao
aquecimento global, à explosão demográfica e ao esgotamento do Planeta.
Governo – O anúncio
da Comissão Europeia sobre Portugal estar prestes a ser excluído do Procedimento
por Défices Excessivos credibiliza António Costa e Mário Centeno, os rostos do
sucesso que, afinal, foi possível com apoio parlamentar do BE, PCP e PEV.
PSOE – A vitória de
Pedro Sánchez, regressado à liderança, não resolve as contradições internas, mas,
contrariamente ao desejo dos barões, a Espanha conta com um partido fiel à
matriz social-democrata, que não se rendeu ao neoliberalismo.
Arábia Saudita –
A fonte ideológica e financeira do terrorismo islâmico comprou mais 110 mil
milhões de US$ de material de guerra aos EUA e permanece no Eixo do Bem, ajudando o sionismo, para agradar a Israel, e
assassinado infiéis, para encantar Maomé.
Irão – O líder moderado Hassan Rouhani reforçou o apoio
eleitoral e desafia o poder do ultraortodoxo Líder Supremo, aiatola Khamenei,
mas Trump prefere o wahabita saudita, financiador do terrorismo, ao xiita iraniano,
aberto ao exterior. Prefere o Eixo do Bem!
NATO – O abandono
da UE pelos EUA e RU e a ameaça turca, depois da hostilidade à Rússia, são um
vigoroso impulso federador. Ignora-se se triunfa a força aglutinadora de um
futuro comum ou a desagregadora dos nacionalismos que conduzem ao passado.
Ponte Europa / Sorumbático
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