A Dr.ª Cristas e os transportes

A Dr.ª Cristas, que nunca viajou em 3.ª classe, e que dos transportes conhece sobretudo o avião, o automóvel e, na propaganda política, a bicicleta, descobriu mais dois meios de transporte, o metro e o comboio.

A simpática balzaquiana não prima pela coerência. Se concorre a vereadora de Lisboa, promete 20 estações de metropolitano, podia ter prometido 30, e ignora o país. Se as eleições são as legislativas, vai com quem sabe onde é a gare, entra no comboio, com a comunicação social atrás, e dá lições ao Governo. Não imagina quem destruiu a CP ou arredou Portugal da alta velocidade ferroviária, mas os transportes são a última vocação da indigesta política. Não aceita que sejam estatais e, tal como a ANA, a Galp, os CTT, a banca e os seguros, a TAP, os portos e a saúde, deviam ser entregues a privados.

Sob a capa maternal esconde-se uma indigesta política, um verdadeiro frasco de veneno, que acusa o governo de falta de investimentos na ferrovia, ao entrar no comboio, depois de ter considerado um desperdício de dinheiros públicos o anúncio de investimentos nos transportes.

Esta mulher é perigosa. Se concorrer a autarca de Sintra, o segundo maior concelho do País, vai exigir metropolitano para as freguesias, e se optar pelo 3.º, Vila Nova de Gaia, há de querer automotoras para Grijó e Sandim e barcos a ligar as praias do Candelo às de São Félix da Marinha.

Mas, se o país ensandecesse e esta mulher fosse poder, o País seria entregue à iniciativa privada e a instituições pias. Depois, dedicava-se aos incêndios.



Comentários

e-pá! disse…
Assunção Cristas tem um bizarro, para não dizer alienante, conceito de como fazer Oposição.
Sente a necessidade de estar, permanentemente, na 'crista' da onda. Ainda não se curou da desfeita de ter sido afastada da governação e continua convicta que está lá, ou por lá perto.
Sobre tudo e mais alguma coisa que tenha acontecido - ou que os oráculos pensem que pode acontecer - lá está ela a pedir uma audição parlamentar, uma comissão de inquérito ou uma (ou várias?) demissão(ões). Não faz nada por menos. No passado criticava os partidos de Esquerda por pedirem a demissão de Governos de Direita. Esta a sua equidade comportamental.

Incapaz de parar para pensar vive na doce fantasia de que os portugueses se esqueceram que o seu partido - e a própria - estiveram no poder na última legislatura (2011 a 2015) e que os presentes acontecimentos caíram sobre os portugueses e portuguesas, por interceção discricionária divina. Esta é a maneira como a sua fé foi transformada em mero instrumento político.

Por último, é de crer que a próxima 'batalha' da líder do CDS será - 'encostada' a (parte) da Direita - tentar usurpar as competências governamentais e indiretamente prejudicar as relações entre as instituições democráticas (Governo e PR).

A Direita não se limita(rá) a criticar as nomeações que venham - por força de Lei - a ser efetuadas, como tem todo o direito, pretende antecipar nomes, soluções e alimentar círculos de poder, para ocupar cargos cuja nomeação está constitucionalmente definida. São os velhos 'arcos' - da Governação ou de Poder - a estrebucharem.

A mesma Direita - e a mesma senhora - não teve os mesmos critérios quando - julgando-se no exercício de prerrogativas divinas - nomeou (reconduzindo) o Governador do Banco de Portugal ou escolheu - expeditamente e sem hesitações - Comissário Moedas para Bruxelas...

Na 'reentreé' Cristas vai certamente exigir que seja o CDS a 'abençoar' o(a) próximo(a) PGR - uma espécie de 'crisma' - e de 'encosto' com a Direita - onde sonha pontificar - vai tentar vetar nomes para as chefia dos Estados Maiores das Forças Armadas...

A Direita reorganiza-se. A 'Aliança' de PSL vai tentar agregar os populismos por aí dispersos e à solta e o CDS - de crista erguida - vai tentar arrebanhar o 'espaço demagógico' associando-o a pias intenções públicas, mas no recôndito paroquial ajoelhado a secretos interesses e propósitos...

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