BRASIL: Moro já lá mora…

Ainda não tinha assentado a poeira das eleições presidenciais brasileiras o candidato vencedor Jair Bolsonaro vem a terreiro expor meandros de um complot cada vez mais nítido.
Bolsonaro revelou que pretende convidar o juiz Sérgio Moro para integrar o seu governo ou na alternativa promove-lo ao Supremo link.
 Aparentemente trata-se do exercício de uma normal competência do Presidente da República (o de escolher o elenco governamental).
 
Mas as coisas podem não ser tão lineares. E seria bom que ficasse límpido que estes apressados passos não estão relacionados com a cadeia de acontecimentos políticos recentes ocorridos no Brasil, nomeadamente desde o impeachment de Dilma Roussef. 
 
Na verdade, o juiz Sérgio Moro que tem sido o responsável pela condução judicial da Operação Lava Jacto e aparece aqui – depois das declarações de Bolsonaro - comprometido com um programa político. Será difícil continuar a argumentar que o magistrado não tem uma agenda política.
Está bem visível uma intolerável promiscuidade e uma clamorosa ausência de transparência. Nada dignificante para a Justiça.
 
Trata-se de um juiz que não descansou enquanto não enclausurou Lula da Silva num processo que deixou no ar muitas dúvidas. Por sinal, Lula da Silva num confuso quadro institucional, foi – enquanto Moro o permitiu - um dos potenciais candidatos à Presidência do Brasil que as sondagens revelavam (enquanto pode permanecer na condição de candidato) como o mais bem colocado na disputa eleitoral.
 
Mas para além destas inconformidades o 'caso Bolsonaro/Moro' mostra como em política não há almoços grátis. Mas mostra também outra coisa: a inabilidade do vencedor que, com precipitadas manifestações, acaba por questionar os brasileiros sobre a limpidez do processo eleitoral e o Mundo sobre as condições e as circunstâncias como foi lançada a sua candidatura, bem como o desenvolvimento da populista campanha anti-PT (colocando-o no centro da corrupção) e, finalmente, os resultados que se vieram a apurar.
 
Sérgio Moro já tinha denunciado a sua umbilical ligação a Bolsonaro quando ordenou a divulgação – a menos de 1 semana da 1ª. volta – de excertos da delação premiada de António Palloci (ex-ministro de Lula) que – sem apresentar provas – tentava comprometer Lula da Silva e dessa maneira prejudicar a candidatura do PT link.
 
O juiz não foi capaz de manter a neutralidade (que lhe é exigida) e fez questão em felicitar (‘parabenizar’ no jargão carioca) o candidato vencedor link. Estaria a dizer: não se esqueça que  estou aqui!
 
Juntar a corrupção endémica brasileira (que existe e é transversal aos partidos políticos) com venialidades justiceiras longe de todos os resquícios (indícios) de isenção e independência é mais uma desgraça que ameaça o Brasil.
Como diz o ditado popular: uma desgraça nunca vem só…

Comentários

Óbvio ululante, mas oportuno e bem observado.

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