Brasil – Subsídios para a História da Pulhice Eclesiástica

A cerca de dez dias da segunda volta das eleições brasileiras, o arcebispo do Rio de Janeiro, cardeal criado por Bento XVI, Orani Tempesta, recebeu o candidato Jair Messias Bolsonaro.

O cardeal havia de saber que Bolsonaro não era o Messias que surgia para o iluminar, mas o candidato que o procurava para o comprometer. Contrariamente à IURD e a outras Igrejas evangélicas, que declaradamente o apoiavam, o prelado católico tinha a oportunidade de manter a decência. Bastava-lhe anunciar a recusa de receber qualquer dos dois candidatos que disputam a segunda volta, a fim de preservar a neutralidade da Igreja católica de que é um membro proeminente.

Recebeu-o. Foi a sua decisão. Dificilmente convencerá alguém de que o Espírito Santo exista ou, no mínimo, que o tenha ajudado no entendimento.

Sabe-se mais da alegria que percorreu os corredores episcopais, durante o encontro, do que da conversa entre o cardeal Tempesta e o capitão Bolsonaro, mas não há dúvidas de que, em alguns pontos, são gémeas as almas dos dois, e não se conhece um único ponto de discordância.

Da visita resultou um “compromisso formal”, assinado por ambos, contra “o aborto, a educação sexual e a legalização das drogas e em defesa da família e da liberdade religiosa”.

Quem, após o histórico compromisso, na sequência da fotografia que os perpetuará na História, fez a síntese do documento assinado, talvez benzido, foi Bolsonaro:

“É o compromisso que está no coração de todo o brasileiro de bem.”

A partir do próximo domingo, Jair Bolsonaro, Edir Macedo e Orani Tempesta serão ungidos pelo voto como «brasileiros de bem».

Deus, na sua inexistência, há muito que mostra a falta de jeito para milagres e o silêncio perante a pulhice religiosa. 

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