Notas Soltas – outubro/2018
Califórnia – É o
primeiro Estado dos EUA a exigir, por lei, a presença mínima de uma mulher nos
conselhos de Administração das empresas cotadas em Bolsa, antes do início de
2020 (lei SB 826). É uma decisão tardia e frouxa, mas necessária contra a
tradição.
Brasil – Juristas
brasileiros e internacionais consideram o processo de Lula como farsa judicial,
mas foi o poder económico e financeiro que urdiu uma conspiração de partidos
rivais e de juízes, contra a PR Dilma, para abrir caminho ao execrável
fascista.
Brasil_2 – Os
eleitores votaram por ódio recíproco, em clima de crispação, tendo como opção
Jair Bolsonaro ou Fernando Haddad, com medo de a vitória do primeiro conduzir
diretamente à ditadura e a do segundo a um golpe militar favorável ao
primeiro.
José Saramago –
No 20.º aniversário da atribuição do Nobel da Literatura, os governos ibéricos
homenagearam a cultura como veículo que liga os seus povos e José Saramago como
expoente maior da solidariedade democrática que ora nos une.
EUA – A chegada
ao Supremo de mais um juiz reacionário não é uma surpresa onde a escolha é do
PR. O risco reside no reforço do poder de Trump, com perda de espaço do
pluralismo num país onde minguam as alternativas e, a prazo, faltará a
alternância.
Vaticano – O
arcebispo Carlo Maria Viganò perdeu a cabeça pelo barrete cardinalício, que lhe
foi negado, e pelo ódio às ideias progressistas. Prefere caluniar o Papa e
arrastar a Igreja para o Inferno, que Francisco considera metáfora, a aceitar a
modernidade.
Venezuela – Um
governo que ignora as competências do Parlamento, e age confiscando as do poder
legislativo, perde a legitimidade com que foi eleito e torna-se uma ditadura,
responsável pelos confrontos sociais e pela miséria que os adversários estimulam.
Espanha – A
impunidade de centenas de milhares de assassinatos da ditadura fascista e a
ignorância sobre a tragédia da guerra de 1939/45 provocada pelo nazi/fascismo,
está a criar condições para o crescimento de um partido abertamente fascista –
o VOX.
Cavaco Silva –
Sem a grandeza ética dos seus antecessores, nem a inteligência e cultura do
sucessor, permanece um mesquinho gestor de rancores e vaidades pessoais na
prosa que publica e que alguém corrige para o poupar a erros de ortografia e de
sintaxe.
Malásia – A
decisão do Governo em abolir a pena de morte, já saudada pelo secretário-geral
da ONU, é um grande passo civilizacional e exemplo para outros países, quando o
pior passado regressa aos países civilizados.
Baviera –A
descida eleitoral da CSU, cada vez mais à direita, e o crescimento da AfD
mostram que as leis da política contrastam com as da Física. Quanto mais se
encostam à direita os partidos conservadores, mais espaço abrem à
extrema-direita.
Crimes – Em
Espanha, o franquismo criou uma rede de roubo de bebés para erradicar a ‘praga’
do marxismo, enviando os filhos de mulheres republicanas presas para famílias
inférteis do regime e instituições católicas. Após a ditadura, a rede
manteve-se ativa.
Iémen – A ONU
anunciou que a guerra interminável produzirá uma enorme catástrofe. Se a paz
não for alcançada nos próximos três meses, o que é difícil, a maior fome dos
últimos 100 anos matará doze a treze milhões pessoas. É uma tragédia dilacerante.
Polónia – A
deriva autoritária do PR e o tropismo para a extrema-direita parece ter sido
travado por uma providência cautelar do Tribunal Europeu que impede a purga de
juízes do Supremo e a nomeação discricionária de outros.
Armas nucleares –
Trump quer rasgar o tratado que limitava a proliferação de mísseis nucleares de
alcance intermédio, assinado em 1987 entre Mikhail Gorbatchov e Ronald Reagan,
traindo compromissos e promovendo nova corrida aos armamentos.
Aquecimento global
– O progressivo e acelerado desaparecimento dos glaciares é um péssimo indício
da indiferença com que são tratadas as ameaças às condições de vida de futuras
gerações e à sobrevivência da própria Humanidade.
Amazónia – O
imenso território, maioritariamente brasileiro, não é só a floresta tropical de
5,5 milhões de km2, é a maior reserva de água doce do mundo e o seu maior
pulmão, agora mais ameaçado por interesses económicos que Bolsonaro representa.
PR – Mostrou
sentido de Estado face à insolência de um sindicato da PSP que divulgou fotos
falsas contra o MAI e permitiu a difusão de fotos de foragidos algemados: “Há
um respeito pela dignidade das pessoas que torna inaceitável uma situação
daquelas”.
China – A
construção da maior ponte mundial, de Macau a Hong Kong, é a afirmação da
vitalidade da próxima maior potência. O perigo reside na exportação do seu modo
de vida, dos seus valores e do sistema de partido único.
Mohammed bin Salman
– O assassínio do jornalista que o criticava, no consulado de Istambul, mostra
a barbárie do príncipe herdeiro saudita, implacável agressor do Iémen. A
colossal compra de armas aos EUA não devia ser um seguro de vida do homicida.
Itália – A
inconsistência do governo, abertamente reacionário, baseado no nacionalismo e
na xenofobia, tornou-se um perigo acrescido para a União Europeia e para a
economia mundial, e um desastre para o próprio país.
Igreja católica –
O “compromisso formal”, assinado entre Bolsonaro e o cardeal do Rio de Janeiro,
Orani Tempesta, contra “o aborto, a educação sexual e a legalização das drogas
e em defesa da família e da liberdade religiosa”, é uma opção fascista, ao lado
da IURD.
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