Notas Soltas – fevereiro/2019
Angola – A
exumação de Savimbi, líder tribal, racista e sanguinário, foi uma decisão de
Estado, para a UNITA, hoje integrada no regime, fazer o funeral com as devidas honras.
É difícil o caminho da paz e só aos angolanos cabe escolher o melhor.
Armas nucleares –
Durante a Guerra Fria, Gorbachev e Reagan acordaram eliminar as de curto e
médio alcance, que ameaçavam uma guerra mundial sem tréguas. A relativa segurança
foi agora eliminada por Trump, que renunciou ao acordo.
Rita Cavaco – A bastonária
da Ordem dos Enfermeiros, dirigente do PSD e consultora de Passos Coelho no
governo que aboliu as carreiras de enfermagem, foi instigadora de um sindicato
fantasma e da greve que compromete a sobrevivência do S.N.S.
Brasil – Previa-se
o julgamento de Temer, ex-PR, comprovadamente corrupto, após o mandato obtido no
golpe de Estado contra Dilma. O crime compensou e foi Lula que, de novo, surgiu
condenado a mais uma dúzia de anos de cárcere.
EDP – No governo
PSD/CDS o ministro das Finanças, Vítor Gaspar, rejeitou cortes às rendas das
energéticas para ajudar a privatização da EDP, impedindo o ministro Álvaro
Santos Pereira de lutar "contra os lóbis e interesses instalados". Estamos
todos a pagar.
Santana Lopes – Após
ter perdido a presidência do PSD para Rui Rio, o mais falhado político, em lugares
de gestão, lançou-se na aventura de um novo partido, «Aliança». O Menino
Guerreiro insiste em travar o seu último combate, com destino incerto.
União Europeia –
Sendo Portugal beneficiário das transferências europeias, recebendo sempre mais
do que paga, por ser menos rico, só por ideologia ou demagogia se podem
condenar impostos europeus, como ameaçam fazê-lo o CDS e Santana Lopes.
Reino Unido –
Depois da rejeição do acordo aprovado com a UE, nem o Governo nem o Parlamento voltaram
a ter condições para resolver a confusão. Instalou-se a desordem e a fratura já
atingiu o Parlamento britânico e o interior dos próprios partidos.
BESA – A nebulosa
resolução do BES-Angola, com fuga de 3 mil milhões de €, revela fraude do
Governo de Eduardo dos Santos, negligência do BP, inépcia do Governo PSD /CDS
ou ingenuidade de Ricardo Salgado. Ou culpa de todos.
América do Sul – Países
nascidos da colonização ibérica nunca foram terrenos férteis para as democracias,
e a vizinhança dos EUA não as facilita, sobretudo após a eleição de Trump. Há
cada vez mais semelhanças do subcontinente com o Médio Oriente.
Alterações climáticas
– A sequência de sucessivos máximos de temperaturas anuais e o aumento de
fenómenos cada vez mais devastadores não alteram o modelo económico e a cupidez
dos beneficiários de um paradigma capaz de extinguir o género humano.
Bloco de Esquerda
– Não é a saída de militantes, por mais sonoros que sejam os nomes e ponderosas
as razões, que prejudicam um partido que pretende deixar de ser um grupo de
protesto permanente para se tornar o parceiro fiável de governos democráticos.
Calos Costa –
Governador do BP, reconduzido no governo PSD/CDS sem aval do PS, ao arrepio da tradição,
saiu incólume da escolha ilegal do filho de Durão Barroso para o alto cargo do
BP, de concurso público obrigatório, e foi a CGD que o fragilizou.
Violência doméstica
– A dimensão do fenómeno, com o número de mortes que produz, sobretudo
mulheres, é um crime infamante que denuncia a misoginia de uma sociedade
primitiva onde trogloditas recusam a civilidade e o respeito pela igualdade de
sexos.
Catalunha – O
nacionalismo de metade da população, em conflito com o nacionalismo castelhano,
compromete a unidade de Espanha e dos próprios catalães, tornando-se fator de
desagregação e discórdia, que semeia o caos e pode conduzir a guerras
fratricidas.
Universidade Católica
– Fatura mais de 65
milhões de € sem pagar impostos. É a única privada a gozar de isenção,
por decreto-lei assinado por três governantes, Cavaco Silva, Roberto Carneiro e
Miguel Beleza (falecido), ali docentes. Nepotismo ou genuflexão?
Greves – Tantas,
tão violentas, todas ao mesmo tempo, podem derrubar o Governo, mas é o país que
sofre e o sindicalismo que se suicida. É compreensível que sectores sociais que
detestam os sindicatos e, até, a democracia, as apoiem. A todas.
CDS – A moção de
censura ao governo, votada ao fracasso, não foi séria. Quis arrastar o PSD, o
seu real adversário, que a considerou “ineficaz e inoportuna”, mas foi coagido
a participar na farsa em que a Dr.ª Cristas gosta de fingir que é líder da
direita.
Venezuela – Um
país rico em petróleo, faminto, com mau governo, oposição suspeita e vizinhança
assustadora, é alvo da disputa geoestratégica dos EUA e Rússia. É um país no
sítio errado, vulnerável à cobiça alheia.
Assunção Cristas
– Surgida na luta contra a legalização do aborto, criada por Paulo Portas para lhe
suceder, é alheia ao caso dos submarinos, mas as acusações de favorecer as celuloses
e a venda do Pavilhão Atlântico ao genro de Cavaco não a favorecem.
Arnaldo de Matos
– Faleceu o “grande educador da classe operária”, líder do MRPP. Foi muito gabado,
como é hábito, na morte. Lenine, Estaline e Mao eram as referências do regime
que defendia. Lutou contra a ditadura salazarista a sonhar outra pior. RIP.
Índia – O duradouro
conflito com o Paquistão, herança da divisão do império britânico, está em
efervescência. As motivações religiosas e o agravamento do nacionalismo hindu não
são alheios à disputa entre as duas potências nucleares.
Comentários
Jawaharlal Nerhu, líder do partido do Congresso que negociou pela parte autóctone o processo da independência da India defendeu nas vésperas da separação desta do Império, ainda com muitas características vitorianas, que 'federar' era melhor que a 'partilhar'.
A Grã-Bretanha decidiu de outra forma. Federar é coisa pouco grata aos britânicos excepto para o seu próprio território insular e mesmo aí conseguido à custa de conflitos fratricidas que trataram de juntar a Inglaterra, há mais de 300 anos - o País de Gales, a Escócia e a Irlanda.
Nota: 'União' esta que o Brexit está em vias de destruir.
O resultado da política colonial do Ocidente e de descolonizações sob pressão e traçada a régua e esquadro em conformidade com interesses neocolonialistas, está à vista: Mais um foco de tensão mundial que põe em confronto duas religiões - o Hinduísmo e o Islamismo. Ambas tendem a fortalecer as suas posições políticas com recurso a extremismos: uns nacionalistas, outros fundamentalistas.
Pelo meio a violência sobre as populações (sobre as Nações) com insuportáveis custos de vidas.
Esta nova fase do conflito indo-paquistanês bem poderia entrar para a história como: a 'guerra do mexilhão' (em homenagem aqueles que se lixam sempre).