Na espuma dos dias e das ondas

Andava o país alheado da campanha para as eleições europeias que, para os europeístas, são demasiado importantes, quando um terramoto, com epicentro em S. Bento, abanou a modorra política do País.

O Dr. Marcelo, habituado a agradar a gregos e troianos, e a abusar o direito de pernada, que a modernidade e a Constituição lhe negam, vetou o decreto-lei do Governo sobre a contagem do tempo de serviço dos professores e mandou discuti-lo na base da exigência do líder sindical dos professores.

O Dr. Costa, alegando que a contagem integral da antiguidade, era incompatível com as disponibilidades orçamentais e exigia igual reposição para as outras carreiras especiais, manteve a recuperação decidida, e que o anterior governo declarara irreversível, depois de uma estéril discussão, para fazer a vontade ao Dr. Marcelo.

Quando o decreto-lei passou a proposta de lei, na AR, muitos meses depois, com o Dr. Centeno a dizer que a aprovação do tempo pedido pelo sindicato, embora justa, punha em causa a continuidade do Governo, dados os compromissos orçamentais com a UE, o PSD e o CDS, preferiram a raiva ao discernimento.

O PCP e o BE, como afirmaram sempre, decidiram que o tempo devia ser integralmente reposto, tal como para as outras carreiras especiais, e talvez não contassem com o apoio do PSD e do CDS. Nem o PS. Entre a espada e a parede, o Dr. Costa evitou a parede e anunciou que se demitiria se o que todos os outros partidos aprovaram fosse confirmado na especialidade.

A Dr.ª Cristas logo confirmou que manteria a posição assumida com a convicção com que, tal como Nuno Melo, confirmara que o VOX espanhol não era de extrema-direita, até o PP espanhol se retratar depois de ver que a extrema-direita, para que se inclinara, o reduzira a menos de metade dos deputados.

Hoje a Dr.ª Cristas já veio repetir que o Dr. Costa é um mentiroso, mas que vai exigir ao PCP e ao BE que deem o dito por não dito, para votar na especialidade e que votara na generalidade. Tudo leva a crer que, com mais ou menos educação, vai votar com o PS.

O Dr. Rio, cujo grupo parlamentar de Passos Coelho gostaria de o despedir, encontra-se em retiro espiritual a arranjar uma desculpa para votar ao lado do PS ou arriscar eleições antecipadas, sem chamar ao grupo parlamentar o que gostaria.

O Dr. Costa, depois de evitar que o Dr. Marcelo comande as eleições, depois de poupar o BE e o PCP a uma rutura que os prejudicaria perante o eleitorado, obrigou a direita a ir a votos ou a perder a face.

Os dados estão lançados. Voltámos à luta política, que é apanágio das democracias.

Comentários

Manuel Galvão disse…
Uma democracia em que não existe oposição torne-se esquizofrénica...
e-pá! disse…
CE:

... Andava o país alheado da campanha para as eleições europeias...
Andava e vai continuar a andar.
Não será esta minicrise - com múltiplos episódios picarescos - de âmbito puramente nacional ou, melhor, paroquial que vai mobilizar o País para as europeias.
Os debates que têm acontecido - uma migalha perante o tempo de antena dedicado ao futebol - não tem sido nem pedagógicos, nem estimulantes. Fica a sensação que o parlamento europeu é um fórum muito distante, burocrático com preocupações tecnocráticas, completamente alheio aos problemas dos cidadãos europeus.

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