M. – O PR (15) O CONSPIRADOR
Sempre pensei que a economia faz mais pelos governos do que estes pela economia, mas não é esse o entendimento da direita.
Talvez por isso a direita portuguesa se tenha tornado tão
violenta. No primeiro ano em que a CP dá lucro, pela primeira vez na sua
história, e a TAP, muito antes do previsto, volta aos lucros, juntaram-se à
agitação social de dois sindicatos claramente de direita SPAC e SMAQ, pilotos e
maquinistas, os outros sectores de transportes públicos e o populismo da
direita.
A direita não se conforma que a economia cresça sob um
governo social-democrata, que as contas públicas estejam controladas e que a
inflação esteja a ser reduzida no cenário de uma guerra travada no seio da
Europa.
Foi preciso abafar com ruído as boas notícias sobre o PIB em
termos europeus, esconder o crescimento, de 2,5% em termos homólogos e 1,6% em
cadeia no 1.º trimestre, com a “aceleração das exportações de bens e serviços e
um abrandamento das importações de bens e serviços”.
Não absolverei este governo dos erros de casting e das
trapalhadas para que se deixou arrastar, mas não entrarei no desvario de abrir
caminho a um governo de direita aliada à extrema-direita. Para isso a direita
conta com um hábil conspirador, M. – O PR.
M. – O PR está sempre à espera de microfones, ávido de que
lhe perguntem sobre a sua única e importante prerrogativa constitucional, a de
dissolver a AR depois de ouvir o Conselho de Estado, independentemente do
entendimento deste órgão consultivo.
M. – O PR deixa sempre no ar que o fará quando a fraqueza do
Governo que ele próprio fomenta lhe permitir ter a alternativa que anseia.
Há ainda quem pense que M. – O PR hesitará perante a aliança
do PSD ao Chega e não se dê conta de que essa é a sua menor preocupação, que,
aliás, não poderá evitar, porque os governos dependem da AR e não do PR como
ele deseja e se esforça por fingir, como o bilioso salazarista Cavaco percebeu
com o primeiro governo de António Costa.
M. – O PR é o criador do cavaquismo e tem mostrado no seu
passado de conspirador a eficiência na promoção das soluções mais à direita
dentro do seu partido.
M. – O PR é o rosto urbano do cavaquismo que criou, da perfídia
sibilina de um homem inteligente, culto e perigoso que prefere o confronto que urde
ao conforto que devia.
M. – O PR, que dá notas a toda agente, tem de ser submetido ao escrutínio dos cidadãos.
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