Eleições presidenciais
Eleições
presidenciais
Falar da
leveza ética de Marques Mendes e recordar o homem de negócios que Marcelo
abrigou no Conselho de Estado é eleitoralmente irrelevante, e torna-se inútil combater
a candidatura indispensável ao PM. Este, depois de impedir o escrutínio sobre
os próprios negócios, não pode arriscar ter em Belém quem não seja notário do
seu governo.
O que
estes homens têm em comum é jeito para escolherem pessoas certas para lugares
de decisão. O único limite, em democracia, é o escrutínio dos média que, aliás,
os irrita e leva a cometer desvarios.
Se, por
acaso, a passagem de Marques Mendes à segunda volta viesse a estar em perigo,
viria Montenegro a dizer que os rios de mel deixariam de correr e que o futuro
risonho de Portugal, que anuncia, ficaria comprometido. A alternância
democrática continuará, mas, no futuro, entre a direita, cada vez mais à
direita, e a extrema-direita.
Marques
Mendes não fará pior do que Marcelo, mas não merece benevolência. Foi, com
Cavaco, quem condicionou a informação, quando tutelou a RTP, e dez anos, alter
ego de Marcelo, promovendo na SIC-N os líderes que ambos desejavam para o PSD.
O mais
revoltante em Marques Mendes, agora tão incomodado por ter ouvido o óbvio de um
adversário, é o perene oportunismo. Como se atreve, com tantos esqueletos no
armário, a referir Sócrates e Armando Vara, até Vítor Escária, para atingir
Seguro e o PS na campanha presidencial, sabendo que o adversário lhes é alheio?
Como é
possível que invoque a ética quem, abrigado no Conselho de Estado, esquece os
negócios, e que negócios, com Joaquim Coimbra e Leitão Amaro, pai do atual
ministro! Que raio de amnésia dos negócios nascidos no BES e BPN! E não foi Joana Marques Vidal, a PGR que tantas vezes exalta, a
persegui-lo, foi a imprensa que o denunciou.
Hei de
voltar à PGR, Marques Vidal, e ao arquivamento dos processos, Tecnoforma e
Submarinos, ambos investigados na UE, , em 24 horas. Quanto a Marques Mendes, voltarei
ao JN, o diário que investigou os negócios nebulosos que ora esquece. Só quem
estiver interessado em esconder-lhe o passado, o pode absolver.
A
dissimulação, a amnésia e os negócios são o fio condutor dos atuais detentores
do poder. E como são hábeis a defendê-lo e a esconder os seus interesses! E Marcelo,
mais interessado no poder do que nos negócios, termina a presidência deixando um
e outros ao PSD, à custa da reputação pessoal e da dignidade da função.
A convoção de uma reunião do Conselho de
Estado para 9 de janeiro, para analisar a situação internacional, em
particular a situação na Ucrânia, é mais um abuso para fins que a CRP não
permite – a condução da política externa –, da exclusiva competência do
Governo.
E Marques
Mendes garantiu a presença, isto é, a cumplicidade nos abusos do PR! É mais uma
nódoa no atual PR e motivo de acrescido receio de Marques Mendes.

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