Marcelo e a reforma
Marcelo e a reforma
Não sei o
que move o narcisista ou pretende o exibicionista ao proclamar que abdica da
reforma de Presidente da República.
Não é
certamente o pudor do presidente vitalício da Casa de Bragança, funções em vias
de retomar, que o inibem de receber o que é justo por ter exercido as mais
altas funções do Estado, nem a vergonha da forma como as exerceu.
A
mesquinhez dos eleitores, para a qual contribuiu, a inveja coletiva e a raiva
contra os medíocres vencimentos dos políticos permitem-lhe granjear simpatias
por prescindir de uma verba irrisória para o OE que nem em 40 anos de reforma atingiria
o preço dos medicamentos das duas gémeas por quem intercedeu no Hospital de
Santa Maria.
Talvez
sejam o ódio e o desprezo por Cavaco Silva, que reúne todas as reformas que a
vida privada e pública lhe permitiram e de cuja acumulação foi obrigado a
prescindir enquanto PR. O País lembra-se do ressentimento público que expressou,
com a baba a sair-lhe da comissura dos lábios, ao prescindir do vencimento de
PR por ter de optar entre o vencimento e as reformas. Optou por estas, mais
pingues, acrescentado os 40% do vencimento de PR (despesas de representação).
Marcelo
julga ter assegurado um lugar no Panteão: por se ter oposto à Regionalização, à
IVG e Eutanásia; por transferir o Estado para o seu partido; por ter
intercedido junto da RTP para censurar um programa de Herman José; por se ter
remetido ao silêncio quando Passos Coelho e Cavaco extinguiram os feriados do
1.º de Dezembro e 5 de Outubro e comemorá-los depois como PR; por ter votado Soares
Carneiro contra Ramalho Eanes quando os democratas o apoiaram no segundo
mandato presidencial e ter conseguido usá-lo agora quando a idade, a Esposa e o
Opus Dei o debilitaram.
Marcelo
sabe que o País lhe perdoa tudo. Bastou-lhe uma hérnia encarcerada e três dias
de silêncio para que a sua popularidade disparasse.
Não se
sabe o que a História dirá dele, mas foi eficaz em fazer de Portugal um país à
medida de Marques Mendes. Lá isso foi!
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