A Europa e os “se’s” da candidatura Schulz…

A crise da União Monetária tem ingredientes capazes de reativar a esquerda europeia. Na fase aguda da crise muitos partidos sociais-democratas entraram em ‘pasokitização’, por uma razão muito simples: apoiaram direta ou indiretamente a austeridade e tudo aquilo que lhe está inerente e a envolve.

A ‘tentação pelo abismo’ (capitalista) existiu e conduziu a social-democracia para o desastre. Em muitos países surgiram ‘Esquerdas’ alternativas, multifacetadas, muito indignadas que percorrem um amplo leque de opções: desde os populismos esquerdistas (contestatários) até à reedição das velhas conceções trotskistas. Do outro lado, isto é, na Direita, o terreno tornou-se fértil para o crescimento de movimentos populistas e nacionalistas.
Este, na sua essência, o figurino europeu que vai dominar a Europa este ano.

Para trás ficaram já 2 momentos essenciais. O 'Brexit' e as eleições Holandesas. Pela frente a proximidade do ato eleitoral presidencial em França e, finalmente, as eleições alemãs. Na realidade, a Europa está pendurada nos resultados das eleições germânicas que ocorrerão lá para o Outono. Estas não oferecem tantos riscos democráticos como as francesas mas têm um elevado significado. Não está em causa a possibilidade da extrema-direita alemã influenciar o novo governo mas sim o resultado de uma cíclica disputa entre o SPD e a CDU (Merkel e Schulz).
Não é muito auspicioso este embate porque não aporta nada de novo quer em estratégia, quer em doutrina.

Todavia, o ‘ano eleitoral europeu’ que está a decorrer poderá ser a última oportunidade para analisar (sem dogmas neoliberais) e tentar reverter (sem descontrolos orçamentais) os efeitos das medidas de austeridade impostas pelos conservadores a toda a Europa que 'destroçou', de alto a baixo, o 'projeto europeu'.

Não é nítido (nem adquirido) que a candidatura de Martin Schulz a chanceler venha a condicionar uma mudança da social-democracia alemã que (ainda) vive à sombra da ‘viragem liberalizante’ de Gerhard Schrōder, desencadeada no final do século XX e início do XXI, com a célebre “Agenda 2010”. O SPD saiu dessa ‘agenda’ ensanduichado entre o Die Linke e os Verdes e, em consequência, perdeu quase toda a força e influência política.
Até ao Outono Martin Schulz terá oportunidade de ponderar as causas (remotas) do ‘tombo’ da social-democracia alemã, do pós-Schrōder, e mais tem condições objetivas para recolocar o SPD no seu lugar histórico. Se o conseguir fazer, ultrapassando as barreiras internas presentes e se, apesar disso, lograr uma vitória, será uma grande momento para a Esquerda Europeia.

Reconheçamos, contudo, que pelo meio deste atribulado processo existem muitos… ‘se(s)’.

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