A bitola da qualidade e o novo centro comercial
Como quase toda a gente, também fui ao novo centro comercial, encostado ao estádio. Como toda a gente, antes, durante e depois, fartei–me de ouvir dizer bem, mal e assim–assim. Algumas teses são apenas disparates, do tipo “Coimbra era a única cidade do país sem um shopping de dimensão aceitável”. Sem mais comentários... Outras ideias têm muito que se lhe diga - “Com a morte cívica da Praça da República e as desfuncionalidades da Baixa, Coimbra reencontrou, finalmente, um espaço de convívio público e a sua nova centralidade”; ou, mais cruamente: “O tal parque de estacionamento na Praça da República foi adiado para as calendas para dar margem, e canalizar carros e gente, para o monstro da Solum”.O que li algures, porém, deu–me que pensar: “A bitola da qualidade subiu, irreversivelmente, de nível, com este espaço”. Sou, obviamente, sensível a esta dimensão “qualidade” do quotidiano. Sou-o, ainda mais, nesta quase borbulhante e por demais desleixada cidade de Coimbra. Lembro–me, de resto, de umas quantas conversas soltas com o então vereador da Câmara Municipal Nuno Freitas sobre coisas tão elementares como a obrigatoriedade de colocar taipais em todas as obras, públicas ou privadas, que contendessem com o espaço público; a exigência de acompanhar, ao detalhe, todas as intervenções na via pública com painéis sinalizadores e brigadas tapa–buracos; a importância da colocação de floreiras na circular, na Baixa, no Vale das Flores, na Ponte de Santa Clara, etc., etc. Não digo, como alguém um dia escreveu, que Coimbra está condenada a ser eternamente a bela desmazelada, assim a modos que uma mulher que já foi bonita e apetitosa e que se deixou envelhecer sem cuidados regulares. Mas é um facto que coisas demais incomodam: o mau cheiro, em algumas ruas, na Baixa e na Alta; o lixo nas bermas e nas imediações de papeleiras e “jacós”; a terra entornada pelos camiões das grandes obras (como aquela vergonha que a toda hora “desce” do futuro Fórum Coimbra, ali na antiga Mondorel); a falta de nível de muitos empregados do comércio; o emaranhado de fios e cabos nas paredes e sobre as ruas; o escândalo que é a ocupação dos passeios, já de si estreitos e mal cuidados...Ora, pelo que vi, numa fugaz passagem sexta–feira à noite e pelo que já me contaram, a porcaria no chão e o desmazelo do espaço público ainda não chegaram ao centro comercial. Se tudo correr como o costume, hão–de chegar em pouco tempo.
Uma análise de Paulo Marques nas Beiras
Comentários
O Sr. que é jornalista não sabe que a obra é ilegal? Se sabe, pode então confirmar que a bitola, subiu imensamente!ou será que não, e com os xuxas era a mesma coisa!
O Sr. que é jornalista não sabe que a obra é ilegal? Se sabe, pode então confirmar que a bitola, subiu imensamente!ou será que não, e com os xuxas era a mesma coisa!