20 DE AGOSTO DE 1968- O ESMAGAMENTO DA PRIMAVERA SOCIALISTA
Nos anos 60 do século passado o mundo desenvolvido encontrava-se dividido em dois blocos politico-militares: o bloco capitalista, em que predominavam os Estados Unidos da América, e o bloco dito socialista, em que predominava a União Soviética. Politicamente, os países do bloco capitalista eram (salvo raras e desonrosas exceções, como Portugal) democracias; os do bloco "socialista" eram, sem exceção, férreas ditaduras. Os ideólogos capitalistas serviam-se deste facto para propagandear que o socialismo era incompatível com a democracia. Apesar disso, o socialismo democrático era uma aspiração de largas camadas sociais dos países capitalistas, que só não se generalizava mais porque a imagem repelente dos regimes do bloco de leste fazia temer que atrás do socialismo viesse a ditadura.
Porém, nos primeiros meses de 1968 alguma coisa começou a mudar: num dos países do bloco socialista, a Checoslováquia, a direção política propôs-se, mantendo o sistema económico socialista, instaurar um regime político democrático, com liberdade de expressão e de associação e eleições livres. Alguns passos começaram a ser dados nesse sentido: foi a chamada "Primavera de Praga".
Escusado será dizer que esta "primavera", se fosse avante, constituiria uma ameaça terrível tanto para o bloco socialista como para o bloco capitalista: para aquele, porque os respetivos povos poderiam querer também a democracia; para este, porque os respetivos povos poderiam querer também o socialismo.
O mundo inteiro tinha os olhos postos em Praga: as classes dirigentes com grande apreensão; os povos com uma enorme esperança.
Para os socialistas democráticos de todo o mundo tudo parecia possível. Melhor dizendo: tudo ERA possível. A realização dos seus sonhos era uma possibilidade concreta, já iniciada e em vias de execução.
Porém, os regimes políticos de ambos os blocos não podiam tolerar que esse sonho se realizasse. E a União Soviética, com a complacência do "Ocidente", encarregou-se do trabalho sujo: no dia 20 de agosto de 1968 forças do exército soviético, acolitadas por algumas tropas de outros países do Pacto de Varsóvia, invadiram a Checoslováquia, prenderam os dirigentes reformistas e esmagaram a "Primavera de Praga", reinstalando a"normalidade" anti-democrática.
Os regimes capitalistas, fingindo-se surpreendidos e indignados, rejubilaram duplamente: por um lado, por ter acabado o "mau exemplo" checoslovaco; por outro lado, porque podiam mais uma vez apontar o dedo aos "socialistas" como sendo os carrascos da democracia.
Os principais partidos comunistas dos países capitalistas, com raras e desonrosas exceções, protestaram corajosamente contra a invasão. Uma dessas desonrosas exceções foi o Partido Comunista Português que, com a sua fidelidade canina ao "grande irmão soviético", aplaudiu expressamente a "heroica" façanha deste (e até hoje nunca se declarou arrependido desse aplauso).
Mas o esmagamento da Primavera de Praga acabou por ser também o suicídio dos regimes "comunistas" do bloco soviético, que a partir daí entraram numa lenta e nauseabunda agonia, acabando por cair de podres uma vintena de anos depois. E do socialismo nada ficou: a Rússia é hoje pasto do mais selvagem capitalismo.
Quanto ao socialismo democrático, voltou a ser apenas o que era antes do breve episódio da Primavera de Praga: um sonho. Um sonho de realização adiada por décadas, senão por séculos.
Porém, nos primeiros meses de 1968 alguma coisa começou a mudar: num dos países do bloco socialista, a Checoslováquia, a direção política propôs-se, mantendo o sistema económico socialista, instaurar um regime político democrático, com liberdade de expressão e de associação e eleições livres. Alguns passos começaram a ser dados nesse sentido: foi a chamada "Primavera de Praga".
Escusado será dizer que esta "primavera", se fosse avante, constituiria uma ameaça terrível tanto para o bloco socialista como para o bloco capitalista: para aquele, porque os respetivos povos poderiam querer também a democracia; para este, porque os respetivos povos poderiam querer também o socialismo.
O mundo inteiro tinha os olhos postos em Praga: as classes dirigentes com grande apreensão; os povos com uma enorme esperança.
Para os socialistas democráticos de todo o mundo tudo parecia possível. Melhor dizendo: tudo ERA possível. A realização dos seus sonhos era uma possibilidade concreta, já iniciada e em vias de execução.
Porém, os regimes políticos de ambos os blocos não podiam tolerar que esse sonho se realizasse. E a União Soviética, com a complacência do "Ocidente", encarregou-se do trabalho sujo: no dia 20 de agosto de 1968 forças do exército soviético, acolitadas por algumas tropas de outros países do Pacto de Varsóvia, invadiram a Checoslováquia, prenderam os dirigentes reformistas e esmagaram a "Primavera de Praga", reinstalando a"normalidade" anti-democrática.
Os regimes capitalistas, fingindo-se surpreendidos e indignados, rejubilaram duplamente: por um lado, por ter acabado o "mau exemplo" checoslovaco; por outro lado, porque podiam mais uma vez apontar o dedo aos "socialistas" como sendo os carrascos da democracia.
Os principais partidos comunistas dos países capitalistas, com raras e desonrosas exceções, protestaram corajosamente contra a invasão. Uma dessas desonrosas exceções foi o Partido Comunista Português que, com a sua fidelidade canina ao "grande irmão soviético", aplaudiu expressamente a "heroica" façanha deste (e até hoje nunca se declarou arrependido desse aplauso).
Mas o esmagamento da Primavera de Praga acabou por ser também o suicídio dos regimes "comunistas" do bloco soviético, que a partir daí entraram numa lenta e nauseabunda agonia, acabando por cair de podres uma vintena de anos depois. E do socialismo nada ficou: a Rússia é hoje pasto do mais selvagem capitalismo.
Quanto ao socialismo democrático, voltou a ser apenas o que era antes do breve episódio da Primavera de Praga: um sonho. Um sonho de realização adiada por décadas, senão por séculos.
Comentários
A mencionada implosão dos regimes do Leste europeu não poderia ser [suspeitávamos disso!] um facto inofensivo, como por exemplo, o lento apagar da chama do pavio de uma [já gasta] vela de estearina...
Quando no dealbar do Inverno de 1989 caíu o muro de Berlim não foi só a estrutura de blocos de betão que ruiu.
O Mundo deslocou-se de uma era bipolar para uma global.
Esse "deslizamento" favoreceu o capitalismo, melhor, a sua vertente mais execrável - o neoliberalismo.
O socialismo democrático [se quisermos a social-democracia ou mais abragentemente a Esquerda] não conseguiu adaptar-se, re-estruturar-se, refundar-se.
Os tempos difíceis que hoje [em pleno séc. XXI] vivemos são a consequência directa destes dois factos [teimosos, como diria Lenine]:
- o predomínio político, económico e financeira neoliberal;
- a incapacidade de readaptação do socialismo à mudança [desmoronamento dos regimes comunistas europeus].
E, assim, a Esquerda actual não se modernizou e continua a sonhar adiando a sua reconversão a um "Mundo Novo" [para usar uma expressão rebarbativa].
Isso ninguém fala!