Um revelado "resistente"?...

O caso Freeport que mereceu o douto despacho de arquivamento dos procuradores encarregues foi - por culpa dos mesmos - uma investigação frustrada e, confessadamente, como ficou subentendido, inacabada.

Independentemente das peripécias deste incrível processo, cujos contornos - para a maioria dos portugueses - ultrapassam largamente a esfera judiciária e imiscuem-se abertamente no terreno político, a derrogação de algumas perguntas a efectuar a 2 dos possíveis intervenientes nesta investigação [não consigo apurar com precisão em que qualidade] com o argumento que nada adiantariam ao processo, mostra o caminho sinuoso, formalista, quiçá, despiciendo, da condução deste tipo de inquéritos.

As perguntas “não-efectuadas”, mas estampadas no despacho, invocando a sua “desnecessidade” levam-nos a duas interrogações:
- a condução dos inquéritos, por parte dos procuradores designados, atem-se aos factos relevantes ou deambula pelas margens da diletância?
- como podem os procuradores outorgar-se de poderes adivinhadores e, antecipadamente, afirmarem saber que as perguntas que elaboraram nada esclareceriam?

E, espantoso é o Sindicato dos Magistrados do Ministério Público [SMMP] atirar-se como gato a filhoses ao PGR, querendo iludir os cidadãos que o MP não é uma corporação, e como instituição no seu todo [e não exclusivamente o PGR] não se reconhecerem como parte [e fundamental] do problema.

O SMMP na desabrida carta aberta ao PGR Pinto Monteiro [que significativamente tratam por senhor juiz conselheiro Pinto Monteiro] a dada altura afirma: “os que cá estávamos quando iniciou o mandato há quatro anos, resistiremos”.

Nesta petulante asserção poderá estar a chave do problema. Resistir a quê, como?

Gostaríamos de saber!