Ontem em Mangualde, amanhã?...
Ontem, a intervenção de José Sócrates, num comício que assinala a rentrée política do PS, realizado em Mangualde, pautou-se por duas posições fundamentais.
Primeiro, tentou conquistar a confiança dos portugueses tecendo uma optimista visão sobre o Estado da Nação nos assuntos do momento: desemprego, contenção do deficit, arranque da economia, marcha em direcção ao desenvolvimento, etc.
Segundo, demarcou-se da visão neoliberal do PSD, defendendo a preservação dos actuais contornos constitucionais relativamente ao Estado Social.
Sobre a visão optimista do Estado da Nação muito se tem escrito [inclusive o próprio já confessou a sua visceral confiança nas soluções preconizadas]. Continua, no entanto, a existir uma notória e premente necessidade de - fora de uma toada “comicieira” - informar os portugueses e as portuguesas, com rigor e sobriedade, sobre a situação político-económica actual e acerca das perspectivas futuras de desenvolvimento. O País não é o novo Olimpo onde correm rios de mel pelas estradas [não esquecer as SCUT’s] e onde os cidadãos vivem ociosamente à beira da felicidade plena [com uma taxa de desemprego > 10%], …
A visão optimista da situação portuguesa pode servir para transmitir para o Exterior uma imagem de empenho e de determinação governamental na saída da crise mas, em contrapartida, chocará com a imperiosa necessidade [esperemos que não!] de, num futuro próximo, voltar à carga – à ilharga do PSD - e solicitar aos cidadãos mais sacrifícios, mais privações, mais constrangimentos,...
Sabemos que - não precisamos de ser políticos, economistas ou videntes - nem tudo está bem neste País. Pelo que a técnica de, perante um qualquer boletim satisfatório ou promissor do BdP ou do INE sobre a análise parâmetros [económicos ou sociais] trimestrais ou semestrais, tentar - de imediato - dourar a pílula poderá manisfestar-se contraproducente, retirando credibilidade aos repetidos anúncios de promissores amanhãs. É preciso, na interpretação dessas projecções [muitas vezes não passam disso], deixar assentar a poeira [para não se contradizer com frequência].
A enfatização sistemática de situações pontuais pouco significativas [evoluções trimestrais e semestrais] não é uma boa metodologia política, i.e., a visão da árvore próxima, não deve fazer-nos perder de vista a floresta [distante].
Primeiro, tentou conquistar a confiança dos portugueses tecendo uma optimista visão sobre o Estado da Nação nos assuntos do momento: desemprego, contenção do deficit, arranque da economia, marcha em direcção ao desenvolvimento, etc.
Segundo, demarcou-se da visão neoliberal do PSD, defendendo a preservação dos actuais contornos constitucionais relativamente ao Estado Social.
Sobre a visão optimista do Estado da Nação muito se tem escrito [inclusive o próprio já confessou a sua visceral confiança nas soluções preconizadas]. Continua, no entanto, a existir uma notória e premente necessidade de - fora de uma toada “comicieira” - informar os portugueses e as portuguesas, com rigor e sobriedade, sobre a situação político-económica actual e acerca das perspectivas futuras de desenvolvimento. O País não é o novo Olimpo onde correm rios de mel pelas estradas [não esquecer as SCUT’s] e onde os cidadãos vivem ociosamente à beira da felicidade plena [com uma taxa de desemprego > 10%], …
A visão optimista da situação portuguesa pode servir para transmitir para o Exterior uma imagem de empenho e de determinação governamental na saída da crise mas, em contrapartida, chocará com a imperiosa necessidade [esperemos que não!] de, num futuro próximo, voltar à carga – à ilharga do PSD - e solicitar aos cidadãos mais sacrifícios, mais privações, mais constrangimentos,...
Sabemos que - não precisamos de ser políticos, economistas ou videntes - nem tudo está bem neste País. Pelo que a técnica de, perante um qualquer boletim satisfatório ou promissor do BdP ou do INE sobre a análise parâmetros [económicos ou sociais] trimestrais ou semestrais, tentar - de imediato - dourar a pílula poderá manisfestar-se contraproducente, retirando credibilidade aos repetidos anúncios de promissores amanhãs. É preciso, na interpretação dessas projecções [muitas vezes não passam disso], deixar assentar a poeira [para não se contradizer com frequência].
A enfatização sistemática de situações pontuais pouco significativas [evoluções trimestrais e semestrais] não é uma boa metodologia política, i.e., a visão da árvore próxima, não deve fazer-nos perder de vista a floresta [distante].
Vivemos numa crise profunda [nós e grande parte do Mundo] desde, pelo menos, 2008 [se não antes]. Os 2-3 anos já decorridos fornecem um distanciamento suficiente [são metade de um ciclo político legislativo] para que os poderes políticos eleitos nos transmitam uma visão de conjunto… e a previsão do futuro [pelo menos a médio prazo].
Venha ela!
Ainda no decurso do comício de Mangualde, José Sócrates, teve oportunidade de afirmar o distanciamento do PS das doutrinas neoliberais que empestam o PSD.
Ainda no decurso do comício de Mangualde, José Sócrates, teve oportunidade de afirmar o distanciamento do PS das doutrinas neoliberais que empestam o PSD.
Nesta tomada de posição de Sócrates não existe qualquer viragem política. As afirmações de Sócrates não são [não deviam ser], para o PS, novidades ou inflexões. São o simples revisitar das bases programáticas do partido. Até aqui nada de novo.
O problema é que a evocação de uma intransigente defesa do Estado Social [esperaria o PS outra coisa?] faz-se fora de um quadro doutrinário de [re]afirmação de princípios, mas antes num clima de apaziguamento e abertura negocial, com declarados, ou encobertos, inimigos desse Estado Social. Sendo assim, padece do risco de - em vez de ser tomada como uma posição doutrinária - passar a existir como uma mera condição negocial.
Aliás, dentro deste contexto, não se compreende como as medidas de excepção perante a crise [os PEC’s] tenham o horizonte temporal de 3 anos e os tão apregoados e responsáveis “consensos” entre PSD e o Governo, sejam feitos a conta-gotas. Esta situação só serve o PSD que, repetidamente, vai corroendo o Governo e, simultaneamente, tenta aparecer aos olhos dos cidadãos como um “salvador” da Pátria.
O problema é que a evocação de uma intransigente defesa do Estado Social [esperaria o PS outra coisa?] faz-se fora de um quadro doutrinário de [re]afirmação de princípios, mas antes num clima de apaziguamento e abertura negocial, com declarados, ou encobertos, inimigos desse Estado Social. Sendo assim, padece do risco de - em vez de ser tomada como uma posição doutrinária - passar a existir como uma mera condição negocial.
Aliás, dentro deste contexto, não se compreende como as medidas de excepção perante a crise [os PEC’s] tenham o horizonte temporal de 3 anos e os tão apregoados e responsáveis “consensos” entre PSD e o Governo, sejam feitos a conta-gotas. Esta situação só serve o PSD que, repetidamente, vai corroendo o Governo e, simultaneamente, tenta aparecer aos olhos dos cidadãos como um “salvador” da Pátria.
O PS, se apostar [como deve] manter-se fiel à sua matriz ideológica, terá pouco espaço de manobra em negociações com o PSD.
Mas, ao menos, este clima de confrontação criado pelo falacioso e oportunista ultimato de Passos Coelho, no Pontal, teve uma importante consequência [política]: - proporcionou a Sócrates distanciar-se do PSD. Facto que sendo pouco relevante no presente [continuarão a negociar] poderá ser fundamental no futuro [se chegarmos à situação de ir a votos].
Mas a política não vive de ilusões, de cenários, de malabarismos retóricos ou de opções adiadas. Chegará o dia em que o PSD tornará as negociações impossíveis [as negociações sobre as SCUT’s foram o primeiro ensaio].
Então, o PSD tornará visível qual é o “seu” oportunista sentido de responsabilidade nacional, romperá estrondosamente com o Governo…e, calculista, tomará o caminho da conveniência partidária que, há um ano, persegue [aposta numa profunda crise política seguida eleições legislativas intercalares].
De facto, neste preciso momento, a par das esgrimas verbais, do clima de ameaças e das chantagens, o PSD não quer negociar, isoladamente, o OGE para 2011. Quer, também e/ou simultaneamente, negociar profundas alterações ao regime democrático vigente, entre elas uma importante mitigação do peso do Estado Social.
De facto, neste preciso momento, a par das esgrimas verbais, do clima de ameaças e das chantagens, o PSD não quer negociar, isoladamente, o OGE para 2011. Quer, também e/ou simultaneamente, negociar profundas alterações ao regime democrático vigente, entre elas uma importante mitigação do peso do Estado Social.
Mas a verdadeira motivação - que tem sido sistematicamente iludida - é Passos Coelho desejar provocar - a qualquer preço, em qualquer instante - a queda do Governo PS para depois, humildemente e obrigado, apresentar o PSD como uma solução redentora para o País.
É assim que a milagrosa Direita ataca!
Comentários
Tudo nesta vida tem um preco, e tem que nos custar a ganhar, para lhe dar-mos valor. Se fossemos ricos podiamos e deviamos dar muito mais, mas sendo como e, ou se corta nas despesas, o que deve ser a primeira opcao ou se aumentam os impostos!
Um abraco dalgodrense.
Apertado pelas sondagens e pela catadupa de ineptidões que se seguiram ao primeiro entusiasmo, Passos Coelho muda de estratégia e rapidamente passa da «não temos pressa para chegar ao poder» para a de «se o Presidente não dissolve agora, não aguento o desgaste» , tendo como plano B a reacção do CDS, o qual, vendo parte dos seus deslizar para este PSD «liberal», não deve estar interessado nestas aventuras, ou então, tendo-lhe passado rapidamente a «postura de Estado» demonstra o que realmente lhe vai na alma : o país é secundário, quanto pior melhor.
Mais um profundo erro de cálculo como adiante se verá.
Se é optimista é que anda a enganar o povo, se é pessimista é que faz retrair o consumo e encolher a economia!
Em meu entender, o melhor - neste particular momento de dificuldades de toda a oedem - será adequar o discurso [e a praxis politica] às situações objectivas, reais.
Como escreveu Bernard Shaw:
Há pessoas que vêem as coisas como elas são e que perguntam a si mesmas: 'Porquê?' e há pessoas que sonham as coisas como elas jamais foram e que perguntam a si mesmas: 'Por que não?' ...