Pedro Passos Coelho – Desculpe se o matei
A pressa de regressar ao poder e a pressão dos interessados já se notam no processo em curso para derrubar o Governo.
Não nego a legitimidade do PSD em fazer cair o Governo, só temo a falta de projecto e a ausência de uma alternativa credível.
"Não há desculpas para que não governe" e, se não o fizer, o Executivo socialista deverá dar "logo que possível o lugar a outro", desafiou o líder do PSD.
(…)
O aviso está feito: o Executivo "só não terá um Orçamento aprovado este ano se optar por um mau caminho, como já o optou".
Este segundo parágrafo é antologicamente medíocre na gramática, ingénuo no cinismo e preocupante nas intenções. Traduzindo para português corrente: «Só não te derrubo se me obedeceres, o que não fizeste». O único sentido desta frase não é a falta de sentido, é o indisfarçável desejo de fazer o que diz não querer desde que haja quem acredite que o fez contrariado.
Preparemo-nos para eleições que o PSD não pensa noutra coisa. Basta que as sondagens lhe sorriam. Quanto ao que fará no Governo é a última coisa de que cuidará, o pormenor que espera acertar com Belém.
A sofreguidão do poder pode levar o PSD a perder Belém e S. Bento. Depois do Verão mais quente dos últimos anos os fogos continuarão a lavrar no Outono. Falta queimar o País que resta.
Não nego a legitimidade do PSD em fazer cair o Governo, só temo a falta de projecto e a ausência de uma alternativa credível.
"Não há desculpas para que não governe" e, se não o fizer, o Executivo socialista deverá dar "logo que possível o lugar a outro", desafiou o líder do PSD.
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O aviso está feito: o Executivo "só não terá um Orçamento aprovado este ano se optar por um mau caminho, como já o optou".
Este segundo parágrafo é antologicamente medíocre na gramática, ingénuo no cinismo e preocupante nas intenções. Traduzindo para português corrente: «Só não te derrubo se me obedeceres, o que não fizeste». O único sentido desta frase não é a falta de sentido, é o indisfarçável desejo de fazer o que diz não querer desde que haja quem acredite que o fez contrariado.
Preparemo-nos para eleições que o PSD não pensa noutra coisa. Basta que as sondagens lhe sorriam. Quanto ao que fará no Governo é a última coisa de que cuidará, o pormenor que espera acertar com Belém.
A sofreguidão do poder pode levar o PSD a perder Belém e S. Bento. Depois do Verão mais quente dos últimos anos os fogos continuarão a lavrar no Outono. Falta queimar o País que resta.
Comentários
Apertado pelas sondagens e pela catadupa de ineptidões que se seguiram ao primeiro entusiasmo, Passos Coelho muda de estratégia e rapidamente passa da «não temos pressa para chegar ao poder» para a de «se o Presidente não dissolve agora, não aguento o desgaste» , tendo como plano B a reacção do CDS, o qual, vendo parte dos seus deslizar para este PSD «liberal», não deve estar interessado nestas aventuras, ou então, tendo-lhe passado rapidamente a «postura de Estado» demonstra o que realmente lhe vai na alma : O país é secundário, quanto pior melhor.
Mais um profundo erro de cálculo como adiante se verá.
No Pontal, em plena season algarvia e, simultaneamente, na festa da reentré política dos PSD's, tornou-se impossível separar o trigo do joio. As impaciências partidárias [são anos de jejum do poder] não podem ser coladas ao dramático âmbito nacional, nomeadamente ao económico e social.
E, as propostas relativas ao OGE de 2011, nem sequer observaram o natural recato de as distanciar das próximas eleições presidenciais.
Enfim, um partido enrodilhado em múltiplas contradições internas quando a clareza de propósitos e a transparência de soluções tornou-se essencial. Neste campo, o PSD oscila entre um orgão de catadupa dos seus dirigentes para o poder e uma abstrusa muleta do perplexo, titubeante e irresoluto inquilino de Belém...
Uma direcção política verde... pubere [se quiserem]!