Até sempre, companheiro
José Luís Zapatero |
Eis um governante que jamais desiludiu. Sai no rescaldo de uma crise financeira como nunca tínhamos vivido. Sai com a consciência de ter transformado um país, onde o franquismo ainda tem raízes, numa democracia laica e progressista. Foi digno sucessor de Felipe González, honrado obreiro do projecto democrático que desmantelou o mais cruel e duradouro aparelho de repressão que sobreviveu à derrota do nazi/fascismo.
Zapatero enfrentou as intrigas de Aznar, o humor de Bush, as provocações episcopais e as canonizações com que os dois últimos pontífices quiseram provocar a democracia. Não se vergou nem frequentou as missas em que o Papa e os bispos gostariam de vê-lo de joelhos.
Deixa um país com uma legislação progressista e sem as estátuas equestres de Franco. Deixa um país com um enorme índice de desemprego e com os problemas da crise que atingiu o mundo e se abateu em cheio na Europa, especialmente nos países do Sul.
Mas deixa, sobretudo, um exemplo de coragem e dignidade, de ética e honradez. Nem sequer indigita um sucessor. O PSOE que escolha. Ele cumpre os dois mandatos a que intimamente se propôs e será sempre uma reserva moral.
«Companheiras e companheiros, ao trabalho; o Governo a governar; os candidatos a defender o seu programa, o partido a apoiar os candidatos e as reformas. Vamos a demonstrar, uma vez mais, quem somos e como somos. Somos um projecto profundamente enraizado na sociedade espanhola, nos trabalhadores, nos que não têm tudo, nas mulheres e homens que aspiram à igualdade. Somos uma formação política histórica e carregada de futuro. Uma formação democrática que ama a liberdade interna y a coragem. Uma formação em que nos reconhecemos porque nos chamamos companheiros.
Isso, companheiros, muito obrigado».
Comentários
conhecendo bem o passado do país e sentindo dever de o limpar, quanto puder, dessa criminosa herança...
sinto orgulho nossos hermanos na pessoa, pensamento, acção de Zapatero!
abraço
Daqui para a frente só há dragões...