MARRAQUEXE, tingida de escarlate…
Marraquexe é conhecida como a cidade vermelha ou Al Hamra devido à tonalidade da sua arquitectura urbana.
Aparentemente, e para o exterior, a cidade que viveu dias de glória no passado [foi capital imperial no tempo dos almorávidas] movimenta-se em redor da praça central Jemaa el Fnaa. É um dos símbolos do reino alauíta e património da Humanidade.
O atentado suicida de ontem ocorreu nesta praça. Atingiu - como seria de prever - grande número de turistas que habitualmente pululam neste espaço. link
A violência e a surpresa deste atentado vem trazer à tona uma subterrânea e larvar situação que silenciosamente infecta a sociedade marroquina.
Marrocos, ontem, mostrou ao Mundo que não está fora do actual rebuliço insurreccional que - transversalmente - varre o Norte de África ou, se preferimos ser mais abrangentes, a bordadura Sul e Oriental do Mediterrâneo.
Praças emblemáticas – El Tahrir [Egipto], Praça da Pérola [Bahrein] e , agora, Jemaa el Fnaa [Marrocos] – transformam-se em símbolos da rebelião.
O Ocidente acreditou que a monarquia marroquina [autocrática e teocrática] teria capacidade de “auto-reformar-se”. Desvalorizou que o sistema marroquino contém profundas imbricações políticas e, neste caso, também religiosas. O movimento contestatário que – a exemplo dos outros países da região - utiliza as redes sociais para a mobilização [http://reforme.ma/blog link ] – tem incidido sobre a reforma constitucional. O “Movimento 20 de Fevereiro” tem tido uma actuação que visa a mobilização de rua – também [mas não só] através do ciberespaço – contra o profundo imobilismo social que reina em Marrocos. Partindo de princípios fundamentais gerais [Democracia e Liberdade] depressa invadiram o campo político e social focando temas como: o desemprego, a educação, o sistema de saúde, a corrupção, o êxodo rural, etc.
Mas o atentado de ontem em Marraquexe poderá ter relações políticas com o chamado integrismo islâmico cujo movimento visível na sociedade marroquina é o grupo “Justiça e Caridade” (Al Adl ua al Ihsan), defensor de uma actuação pacífica, não se contenta com reformas constitucionais e sociais, visando o derrube do monarca alauíta. Em termos religiosos, não reconhece o rei como “o príncipe dos crentes”.
Por outro lado, as características operacionais deste atentado [utilização de um “homem-bomba”?] ocorrido na praça Jemaa el Fnaa, relembram os actos sangrentos de Casablanca [Maio de 2003] que foram atribuídos ao Grupo Islâmico Combatente Marroquino, um dos grupos extremistas radicais da corrente salafita [um outro será o Grupo Salafista para a Prédica e o Combate], com prováveis ligações à Al Qaeda e que foi também implicado nos sangrentos atentados de 11 de Março [2004] em Madrid. link
O atentado de ontem em Marraquexe veio – pelo sangue que fez correr - reforçar a tonalidade escarlate da cidade. E fazer jus ao nome da praça, i. e., Jemaa el Fnaa = lugar dos mortos.
Na verdade, o contexto político e social [e o económico – turismo] não deixará de ser agitado por estes acontecimentos.
Mas os primeiros indícios apontam na direcção que este acto de violência terá sido desencadeado por organizações extremistas [fundamentalistas] islâmicas. O que a ser verdade extravasa a contestação social latente [oriunda da sociedade civil] para imiscuir a questão político-religiosa nesta “onda” de protesto [neste caso violento e sangrento].
Se Mohammed VI perde a lendária prerrogativa de continuar a ser considerado o “príncipe dos crentes” e de se reclamar como “descendente de Maomé”, dificilmente a revolta marroquina será contida por uma reforma político-constitucional…
Não é preciso ser um profeta dos tempos modernos para antecipar outros cenários…
Aparentemente, e para o exterior, a cidade que viveu dias de glória no passado [foi capital imperial no tempo dos almorávidas] movimenta-se em redor da praça central Jemaa el Fnaa. É um dos símbolos do reino alauíta e património da Humanidade.
O atentado suicida de ontem ocorreu nesta praça. Atingiu - como seria de prever - grande número de turistas que habitualmente pululam neste espaço. link
A violência e a surpresa deste atentado vem trazer à tona uma subterrânea e larvar situação que silenciosamente infecta a sociedade marroquina.
Marrocos, ontem, mostrou ao Mundo que não está fora do actual rebuliço insurreccional que - transversalmente - varre o Norte de África ou, se preferimos ser mais abrangentes, a bordadura Sul e Oriental do Mediterrâneo.
Praças emblemáticas – El Tahrir [Egipto], Praça da Pérola [Bahrein] e , agora, Jemaa el Fnaa [Marrocos] – transformam-se em símbolos da rebelião.
O Ocidente acreditou que a monarquia marroquina [autocrática e teocrática] teria capacidade de “auto-reformar-se”. Desvalorizou que o sistema marroquino contém profundas imbricações políticas e, neste caso, também religiosas. O movimento contestatário que – a exemplo dos outros países da região - utiliza as redes sociais para a mobilização [http://reforme.ma/blog link ] – tem incidido sobre a reforma constitucional. O “Movimento 20 de Fevereiro” tem tido uma actuação que visa a mobilização de rua – também [mas não só] através do ciberespaço – contra o profundo imobilismo social que reina em Marrocos. Partindo de princípios fundamentais gerais [Democracia e Liberdade] depressa invadiram o campo político e social focando temas como: o desemprego, a educação, o sistema de saúde, a corrupção, o êxodo rural, etc.
Mas o atentado de ontem em Marraquexe poderá ter relações políticas com o chamado integrismo islâmico cujo movimento visível na sociedade marroquina é o grupo “Justiça e Caridade” (Al Adl ua al Ihsan), defensor de uma actuação pacífica, não se contenta com reformas constitucionais e sociais, visando o derrube do monarca alauíta. Em termos religiosos, não reconhece o rei como “o príncipe dos crentes”.
Por outro lado, as características operacionais deste atentado [utilização de um “homem-bomba”?] ocorrido na praça Jemaa el Fnaa, relembram os actos sangrentos de Casablanca [Maio de 2003] que foram atribuídos ao Grupo Islâmico Combatente Marroquino, um dos grupos extremistas radicais da corrente salafita [um outro será o Grupo Salafista para a Prédica e o Combate], com prováveis ligações à Al Qaeda e que foi também implicado nos sangrentos atentados de 11 de Março [2004] em Madrid. link
O atentado de ontem em Marraquexe veio – pelo sangue que fez correr - reforçar a tonalidade escarlate da cidade. E fazer jus ao nome da praça, i. e., Jemaa el Fnaa = lugar dos mortos.
Na verdade, o contexto político e social [e o económico – turismo] não deixará de ser agitado por estes acontecimentos.
Mas os primeiros indícios apontam na direcção que este acto de violência terá sido desencadeado por organizações extremistas [fundamentalistas] islâmicas. O que a ser verdade extravasa a contestação social latente [oriunda da sociedade civil] para imiscuir a questão político-religiosa nesta “onda” de protesto [neste caso violento e sangrento].
Se Mohammed VI perde a lendária prerrogativa de continuar a ser considerado o “príncipe dos crentes” e de se reclamar como “descendente de Maomé”, dificilmente a revolta marroquina será contida por uma reforma político-constitucional…
Não é preciso ser um profeta dos tempos modernos para antecipar outros cenários…
Comentários
agora ligar قصر الحمراء هو قصر أثري وحصن انتهى بناؤه في عصر بني الأحمر حكام غرناطة المسلمين في الأندلس بعد سقوط دولة
uma bombinha a um palácio vermelho ou a uma cidade vermelha devida ao excesso de óxidos de Ferro