A vitória de François Hollande, a Europa, Portugal e as circunstâncias…
A já esperada vitória de François Hollande nas eleições presidenciais francesas poderá ter múltiplas interpretações e variadas consequências em primeiro lugar para os franceses e francesas, bem como, num âmbito mais vasto para a Europa.
Para os franceses é obviamente o início de um novo ciclo político que se completará com as próximas eleições legislativas. O seu programa político não é fácil já que comporta aspectos tão vastos e complexos, como seja, a concertação social (conference social), o modelo das reformas, o emprego, o salário mínimo e o poder de compra (SMIC), a função pública, etc.
Para a Europa é necessário acentuar que durante a sua campanha 'bateu' em três teclas essenciais: a mutualização da dívida dos Estados europeus como resposta às ‘pressões’ dos mercados , a imperiosa necessidade de aplicar uma 'agenda para o crescimento' que envolve a atribuição de novas competências para o BCE e BEI e a ‘re-institucionalização’ das decisões europeias (abandono da via das lideranças intergovernamentais e regresso às estruturas comunitárias).
Portugal, como País integrante da UE (e da Zona Euro), acresce o facto de estar sob um programa de resgate financeiro (UE e FMI) devido á situação da sua dívida externa sofrerá, necessariamente, as 'ondas de choque' advindas desta (importante) alteração de equilíbrios no contexto europeu.
Hollande mostrou não desprezar, nem subvalorizar o papel da Alemanha na gestão da crise europeia. Pretenderá - no cumprimento das suas promessas eleitorais, -substituir o eixo Paris/Berlim pelo regresso a Bruxelas. Tratando-se de um ‘discípulo’ (político) de Delors, esta será para o novo presidente francês uma questão essencial.
Adenda: O Governo português que se ‘colou’ ao modelo em funcionamento rígido do 'Merkozy' (mais a Berlim do que a Paris, ou melhor, mais a Merkel do que a Sarkozy) vai necessitar de algum ‘jogo de cintura’ para adaptar-se às novas circunstâncias que esta 'mudança' determinará. Por exemplo, poderá - a breve trecho - aparecer na ribalta política doméstica como um novíssimo campeão de uma ‘agenda de crescimento’ que contrabalance a (necessária) disciplina orçamental quando, há menos de 1 mês, rejeitou a adenda (sobre crescimento) a ser apensa ao tratado orçamental europeu que foi votado na AR… Será esta a “agenda ambiciosa”? link
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