Némesis…
Némesis |
A Grécia encontrando-se sob um ultimatum, orquestrado pelo Conselho Europeu, está a beira de uma situação terrível e perigosa. Não tem nada a perder!
Do outro lado, na UE ou na Zona Euro (não é igual mas no presente momento aproximam-se), existe a noção de que uma eventual ruptura será uma ‘convulsão controlada’.
É difícil compreender a situação grega, ela terá multiplas particularidades, terá variados antecedentes mas, na verdade, toda a reacção europeia não pode assentar num clamoroso dislate. Isto é, sem entrar em considerações financeiras e económicas, sem esgrimir argumentos acerca de hierarquizações democráticas, conclui-se que nada melhorou desde o início resgate que decorre desde há 5 anos.
De concreto, o resultado mais tangível, dramático e doloroso é o continuado deslizar de um País para uma catástrofe humanitária.
Pouco se sabe sobre as propostas que o novo governo grego terá apresentado no dito Conselho Europeu. Mas existe um facto que ressalta: a proposta de ‘prolongamento do programa’ é manifestamente provocatória. No mínimo, passa pelo branqueamento dos erros cometidos no gizar do programa e nas verificações da sua execução (por cá Vítor Gaspar chamou-lhes ‘exames regulares’) tarefa desempenhada pela Troika.
Uma Europa solidária tem uma missão prioritária: partilhar. No caso vertente, a Grécia, perante o manifesto enquistamento da UE, solicita soluções provisórias. Ou seja mais tempo para negociar. O afogadilho onde o Eurogrupo tenta meter o problema grego, i. e., os 4 dias concedidos para o novo Governo grego apresentar propostas concretas, não tem rodas para andar, nem cadeira para se sentar.
Na actual situação e ‘à minima’ interessaria dividir pelas aldeias os abundantes erros cometidos durante o 'resgate' expurgando-os das fastidiosas e grotescas tiradas do tipo ‘não existem alternativas’. A existirem asserções repelentes estas passariam pelas concepções do ministro alemão das Finanças no sentido que a Grécia ao fim de 5 anos de intervenção externa 'está a melhorar'. Estas ‘boutades’ que tentam ignorar, ou manipular, a brutal queda do PIB (- 25%), o dramático aumento do desemprego (+ 26%) e o espectro de uma crise humanitária sucedânea de uma grave fractura da sociedade são mais extremistas (ultra) do que o apregoado radicalismo do Syriza.
Némesis é segundo alguns autores uma figura da mitologia grega que representa as ‘causas impossíveis’. Porém, em português, poderá ser uma representação conotada com ‘inimigo’ e ‘vingança’. Esta diversidade de abordagens é o espelho dos próximos conselhos europeus, antecipando-os.
Ou se quisermos o tiro de partida para ‘novas Odisseias’.
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