Uma Europa à beira do abismo…

O impasse das negociações entre o Governo grego e o Eurogrupo atinge proporções dramáticas link.

A Grécia está à beira da bancarrota.
Para compreendermos o drama envolvente será necessário ter em conta que o novo governo grego não tem intenção de abandonar a Euro Zona. E deste modo o clube de países europeus que adoptaram o euro como moeda comum está, também, à beira de um incumprimento,  não 'descartável' da Europa enquanto entidade política, económica, financeira e social.
O primeiro problema é: em que medida o incumprimento de um dos seus membros, tem um impacto sistémico e afectará a generalidade do citado 'clube'?

O segundo problema diz respeito aos regimes democráticos que moldam a Europa e são uma condição fundamental (sine qua non) para a inclusão no 'espaço europeu'.
Em que medida ‘compromissos’ assumidos por anteriores governos - tomadas à revelia dos procedimentos democráticos e do escrutínio dos eleitores - podem irrevogavelmente condicionar as governações futuras?
Mais, será pertinente questionar se concessões à posteriori feitas a instituições que se apresentam como credoras (vulgo, Troika) e assumidas à revelia dos programas eleitorais apresentados aos cidadãos têm legitimidade democrática e podem condicionar futuras posições e bloquear negociações.
E, também, de que modo entendimentos com credores (os celebrados 'Memorandos de Entendimentos') podem ser equiparados a tratados, convenções, pactos, etc.  (que à luz do direito internacional obrigam os países signatários até à sua denúncia)?

A Europa vive, silenciosamente, uma crise letal. A Grécia que integra a UE e é membro de pleno direito do Eurogrupo (do qual não pretende sair, nem pode ser expulsa) caminha para o incumprimento.
Um default que, para todos os efeitos, atinge a globalidade das instituições europeias (Comissão, Conselho, BCE, etc.). Financeiramente não há ‘ovelhas ranhosas’. O colectivo (o Eurogrupo) surgirá, no quadro mundial, ‘manchado’ por um incumprimento que, no julgamento dos inflexíveis ‘mercados’, atingirá todos. E a Europa continuará a discutir, no seu seio, um programa de reformas ‘estruturais’ link, para nada.
Ou, melhor, será quando muito um ícone para os europeístas (desiludidos, abandonados e traídos) carpirem no anunciado enterro da UE.

Negar os efeitos sistémicos da situação que se está a incubar em Bruxelas, Berlim e Frankfurt é efectivamente ocultar que a implosão do euro está iminente.
Com todas as suas consequências.

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