O DN e o embaixador Martins da Cruz
No dia 10 de junho, o DN ocupou as páginas 12 e 13 com uma entrevista ao embaixador Martins da Cruz cujo interesse e conteúdo cabem ao jornal definir.
A razão da minha estupefação resulta da reincidência do DN em apresentar, no perfil do diplomata, a insólita afirmação, a negrito, «António Martins da Cruz, com menos de 30 anos, foi abrir a embaixada de Portugal em Maputo», afirmação que repete da anterior entrevista do DN (11-02-2017).
Não surpreende a omissão biográfica da demissão de MNE de Durão Barroso, de quem é compadre, na sequência do escândalo da portaria feita à medida da filha, Diana, para a entrada em Medicina, escândalo que tornou insustentável a sua permanência no governo e a do ministro do Ensino Superior, Pedro Lynce, autor da Portaria.
Admito que, para as duas entrevistas, fosse irrelevante ter sido administrador da Afinsa (numismática e filatelia), a terceira maior empresa mundial de ativos não financeiros, logo a seguir à Sotheby's e à Christie's, falida após a mega fraude dos selos vendidos.
Sobre a personalidade que mereceu duas entrevistas ao DN, no espaço de quatro meses, talvez fosse aliciante saber que, depois de demitido de MNE, foi ele, com Mário David, que negociou, nos bastidores, a ida para presidente da CE de Durão Barroso, enquanto este, dissimulado, insistia estar empenhado na candidatura do ex-comissário europeu António Vitorino.
(O eurodeputado do PSD, Mário David, notabilizou-se ao ter manifestado vergonha por Saramago ser seu compatriota, e viria a ser o mandatário da candidatura de última hora, para desesperadamente tentar impedir Guterres de ascender o secretário-geral da ONU).
Esqueçamos o homem de negócios, bem relacionado nos serviços secretos europeus e defensor entusiasta da adesão da Guiné Equatorial à CPLP, e voltemos ao jovem que “com menos de 30 anos, foi abrir a embaixada de Portugal em Maputo”. A embaixada, sob o ponto de vista físico, pode ser aberta pelo porteiro, mas em termos diplomáticos só por um embaixador ou, no mínimo, um ministro plenipotenciário.
Reincidir em que Martins da Cruz abriu a embaixada de Maputo ofende o embaixador Albertino de Almeida, impoluto e corajoso magistrado que Melo Antunes convidou para primeiro embaixador de Portugal em Moçambique.
Martins da Cruz não o refere no currículo, mas Samora Machel expulsou-o de Maputo. A estima e consideração pelo embaixador Albertino de Almeida mantiveram-se intensas e recíprocas até à morte do primeiro, por acidente aéreo, em território sul-africano.
A razão da minha estupefação resulta da reincidência do DN em apresentar, no perfil do diplomata, a insólita afirmação, a negrito, «António Martins da Cruz, com menos de 30 anos, foi abrir a embaixada de Portugal em Maputo», afirmação que repete da anterior entrevista do DN (11-02-2017).
Não surpreende a omissão biográfica da demissão de MNE de Durão Barroso, de quem é compadre, na sequência do escândalo da portaria feita à medida da filha, Diana, para a entrada em Medicina, escândalo que tornou insustentável a sua permanência no governo e a do ministro do Ensino Superior, Pedro Lynce, autor da Portaria.
Admito que, para as duas entrevistas, fosse irrelevante ter sido administrador da Afinsa (numismática e filatelia), a terceira maior empresa mundial de ativos não financeiros, logo a seguir à Sotheby's e à Christie's, falida após a mega fraude dos selos vendidos.
Sobre a personalidade que mereceu duas entrevistas ao DN, no espaço de quatro meses, talvez fosse aliciante saber que, depois de demitido de MNE, foi ele, com Mário David, que negociou, nos bastidores, a ida para presidente da CE de Durão Barroso, enquanto este, dissimulado, insistia estar empenhado na candidatura do ex-comissário europeu António Vitorino.
(O eurodeputado do PSD, Mário David, notabilizou-se ao ter manifestado vergonha por Saramago ser seu compatriota, e viria a ser o mandatário da candidatura de última hora, para desesperadamente tentar impedir Guterres de ascender o secretário-geral da ONU).
Esqueçamos o homem de negócios, bem relacionado nos serviços secretos europeus e defensor entusiasta da adesão da Guiné Equatorial à CPLP, e voltemos ao jovem que “com menos de 30 anos, foi abrir a embaixada de Portugal em Maputo”. A embaixada, sob o ponto de vista físico, pode ser aberta pelo porteiro, mas em termos diplomáticos só por um embaixador ou, no mínimo, um ministro plenipotenciário.
Reincidir em que Martins da Cruz abriu a embaixada de Maputo ofende o embaixador Albertino de Almeida, impoluto e corajoso magistrado que Melo Antunes convidou para primeiro embaixador de Portugal em Moçambique.
Martins da Cruz não o refere no currículo, mas Samora Machel expulsou-o de Maputo. A estima e consideração pelo embaixador Albertino de Almeida mantiveram-se intensas e recíprocas até à morte do primeiro, por acidente aéreo, em território sul-africano.
Ponte Europa / Sorumbático
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