A pena de morte e a Igreja católica

A pena de morte é um anacronismo que persiste em sociedades ditas civilizadas, nódoa que a direita europeia de vocação fascizante se prepara para reintroduzir, à semelhança do que sucedeu em 1976 nos EUA, onde é aplicada em 34 dos 50 estados.

A aplicação, sem efeitos dissuasores, tem sido responsável pela execução de inocentes, por erros judiciais. Deveria bastar a irreversibilidade para fazer tremer a mão aos juízes humanistas, mas não faltam carrascos à crueldade, quando legalizada.

A Igreja católica, pressionada pela civilização europeia, condenou a pena de morte, mas com restrições, na última edição do seu catecismo.
O Papa Francisco limpou finalmente a nódoa do catecismo romano quando o facínora das Filipinas, PR católico, defende execuções sumárias para traficantes e drogados, e, como outros déspotas católicos europeus, se prepara para reintroduzir a pena de morte.

A decisão deste papa, rompe com dois milénios de tradição, credita-o como humanista e honra-o perante o mundo civilizado. Esperemos que, com este exemplo, as religiões não continuem ao serviço da tradição e dos interditos e se tornem aliadas da modernidade.

Foi de forma simples que revolucionou o Evangelho, um repositório da moral da Idade do Bronze: “A pena de morte é inadmissível porque é um ataque à inviolabilidade e dignidade da pessoa e ela [Igreja católica] trabalha com determinação para que seja abolida no mundo todo”.

Não posso deixar de me solidarizar com o papa católico que acaba de dignificar a Igreja e assumir o compromisso de se associar ao movimento abolicionista. Assim procedam os dignitários de outras religiões e das várias teocracias.

Recordando e alterando Neil Armstrong, ao pisar na lua: "Esse é um pequeno passo para a civilização, mas um enorme salto para o Vaticano".

Ponte Europa / Sorumbático

Comentários

Jaime Santos disse…
Muito bem, a mostrar que o ateu anti-clerical Carlos Esperança sabe reconhecer um gesto justo, independentemente de onde ele vem. Mas cabe recordar que, como bem me lembrava um padre católico com quem tive o prazer de almoçar recentemente, nós somos gregos e romanos ao que eu acrescentei que somos igualmente judeus, o que ele assentiu com aprovação.

A nossa moral laica de hoje deriva dessas três tradições, sendo que a ideia de Igualdade está bem mais presente na tradição judaica do que na grega ou romana. E chegamos a ela pela interpretação que fazemos de textos que efetivamente datam da Idade do Bronze ou da Idade do Ferro...

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