O debate entre António Costa e Rui Rio
O debate de ontem foi uma desilusão para quem esperava um duelo sangrento num circo, entre dois gladiadores que galvanizassem as plateias sedentas de violência.
Foi um debate sereno que marcou diferenças e mostrou dois líderes preparados para dirigirem o País, fiéis às áreas políticas onde se situam. Foram dois políticos urbanos, determinados e com convicções, onde a demagogia e o populismo estiveram ausentes, perante três bons profissionais do jornalismo.
Rui Rio provou que também domina os assuntos de Estado e tem um programa para o País. Quanto à Justiça e aos magistrados teve a coragem de denunciar os julgamentos de cidadãos na praça pública, os privilégios remuneratórios, e os abusos, de que a devassa judicial a um ministério pela ida do ministro ao futebol é o exemplo do perigo de corporações à solta.
O PM beneficia do êxito da legislatura, da credibilidade que conquistou e da capacidade de diálogo e de decisão que provou ter nos momentos mais difíceis, no início para gerir o sectarismo e a raiva do PR cessante e, no fim da legislatura, perante a conflitualidade sindical de origem suspeita e, num caso, de objetivos que exigem investigação policial.
Rui Rio tem contra ele o partido, degradado e radicalizado por Cavaco e Passos Coelho, e as escolhas infelizes que fez para o assessorarem, desde a ex-bastonária da Ordem dos Advogados, Elina Fraga, a Álvaro Amaro ou Feliciano Barreiras Duarte.
Rui Rio é um general sem tropas, rodeado de adversários internos e com um partido mal frequentado, que não merecia, mas o debate de ontem, independentemente das minhas simpatias políticas, mostrou que o país tem políticos capazes e que o tranquilizam.
Assim pudéssemos acreditar nos líderes dos países mais poderosos, com exceção da Sr.ª Merkel, na Alemanha.
Comentários
Independentemente da análise do conteúdo do debate e das soluções que foram aduzidas, por ambas as partes, uma coisa ficou bem clara:
- Rui Rio não é aquela abécula que tem sido exibida - pelos seus comparsas - na praça pública.
Tornou-se evidente que as razões que têm sido aduzidas pelos PSD's para criticarem o líder partidário terão outras motivações.
Aceitam-se alvitres... (até ao dia 6 de Outubro!).