Portugalidade, o que é?
Há textos que pela oportunidade e importância merecem ser recordados e divulgados.
É o caso do texto de António Valdemar, grande jornalista, académico, investigador e homem de cultura, então publicado no DN, na coluna do jornalista «Avenida da Liberdade».
Aqui fica, a seguir, para memória futura:
António Valdemar
«Políticos e intelectuais de esquerda, nas mais diversas circunstâncias, incorporam no discurso falado e escrito, portugalidade ignorando a verdadeira origem do termo e quais os seus fundamentos ideológicos. Por seu turno, dicionários de uso corrente não registaram portugalidade, enquanto mencionam latinidade, ocidentalidade e outras designações relativas à história, à tradição de um povo ou de vários povos e suas afinidades sociais e culturais.
Uma das referências obrigatórias nesta matéria é Alfredo Pimenta que se orgulhava, aliás, de ser o doutrinador da portugalidade, «do nacionalismo integral, do autoritarismo contra - revolucionário, do tradicionalismo católico e integral .» Rejeitava tudo quanto fosse «católico progressivo, á maneira de Maritain e seus sequazes portugueses» ; ainda rejeitava « o termo equívoco , confuso e neutro de Cristão .» Intitulava –se «católico intemeratamente fiel ao Credo fixado na Professio fidei tridentina , em 13 de Novembro de 1534; católico conscientemente informado no Syllabus ; católico português empregando todos os esforços para que a Nação regresse á sua missão Fidelíssima, mas não tocada dum Fideísmo progressivo e anarquizante das consciências. Batalhava contra a república e a democracia. Exigia o regresso da «monarquia que fez Portugal, a monarquia pura, a monarquia tradicional, a que vem de 1128, se afirma em Ourique, se consolida em Aljubarrota, rasga o caminho marítimo da Índia, cria o Império, sucumbe devagar em Alcácer, e ressuscita em 1640 , para cair , apunhalada pelas costas em 1834 , em Évora Monte .»
Em Guimarães, Alfredo Pimenta ao defender o regime de Hitler e de Mussolini, congratulava-se por ver na arena do mundo e á frente dos destinos de Portugal «um Homem, com H grande» (...) «que não anda turisticamente pelas salas das conferências, nem é chamado aos conclaves dos medíocres, porque os confundiria a todos. Esse homem é português, e dispõe tão só da sua inteligência culta, da dialéctica honesta das suas razões sinceras, da profundeza e da substância das suas doutrinas sãs – e chama-se Salazar.» E em face do exemplo, da conduta e do poder discricionário desse homem providencial que, também, se arrogava de permanecer «orgulhosamente só» Alfredo Pimenta interrogava com veemência: «Mocidade Portuguesa masculina, onde estão as tuas manifestações viris e audazes, braço erguido, na saudação que primitivamente te ensinaram? Legião Portuguesa, onde estão as tuas paradas sensacionais, face aos teus chefes a acolher-te, braço estendido, em saudação que todos conhecíamos e entendíamos?»
Proferia Alfredo Pimenta estas afirmações a 11 de Outubro de 1947.Além do repúdio frontal do comunismo e de todo o bloco soviético não era, também, menos radical em relação aos Estados Unidos. Será melhor transcrever, na íntegra, a sua condenação e repulsa ante « a América e essa chafarica da ONU, sucessora correcta e aumentada daquela outra chafarica de Genebra ( Sociedade das Nações ) que Deus tenha e mantenha nas profundas dos infernos. Tudo aquilo, nessa máquina geradora da Paz, é comédia mais ou menos gangsteriana, ou vampismo holywoodesco, que está a pedir, isso, sim, em dia de sessão plenária, bomba atómica certeira.»
Mesmo depois da derrota de Mussolini e de Hitler, Alfredo Pimenta o auto proclamado «doutrinador da portugalidade », preconizava a «unidade espiritual da Europa, pela conjugação da Águia germânica e da Loba romana », com o autoritarismo de « Salazar, nosso orgulho e nosso bem.». Posto isto não restam quaisquer dúvidas: portugalidade é, afinal, a mistura, a amalgama e o cacharolete de fascismo, de nazismo e de salazarismo.»
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Porto Editora 8 Edição J Almeida Costa e a Sampaio e Melo pag 1304 -- qualidade do que é portuguesismo , verdadeiramente, nacional da cultura portuguesa
É o caso do texto de António Valdemar, grande jornalista, académico, investigador e homem de cultura, então publicado no DN, na coluna do jornalista «Avenida da Liberdade».
Aqui fica, a seguir, para memória futura:
António Valdemar
«Políticos e intelectuais de esquerda, nas mais diversas circunstâncias, incorporam no discurso falado e escrito, portugalidade ignorando a verdadeira origem do termo e quais os seus fundamentos ideológicos. Por seu turno, dicionários de uso corrente não registaram portugalidade, enquanto mencionam latinidade, ocidentalidade e outras designações relativas à história, à tradição de um povo ou de vários povos e suas afinidades sociais e culturais.
Uma das referências obrigatórias nesta matéria é Alfredo Pimenta que se orgulhava, aliás, de ser o doutrinador da portugalidade, «do nacionalismo integral, do autoritarismo contra - revolucionário, do tradicionalismo católico e integral .» Rejeitava tudo quanto fosse «católico progressivo, á maneira de Maritain e seus sequazes portugueses» ; ainda rejeitava « o termo equívoco , confuso e neutro de Cristão .» Intitulava –se «católico intemeratamente fiel ao Credo fixado na Professio fidei tridentina , em 13 de Novembro de 1534; católico conscientemente informado no Syllabus ; católico português empregando todos os esforços para que a Nação regresse á sua missão Fidelíssima, mas não tocada dum Fideísmo progressivo e anarquizante das consciências. Batalhava contra a república e a democracia. Exigia o regresso da «monarquia que fez Portugal, a monarquia pura, a monarquia tradicional, a que vem de 1128, se afirma em Ourique, se consolida em Aljubarrota, rasga o caminho marítimo da Índia, cria o Império, sucumbe devagar em Alcácer, e ressuscita em 1640 , para cair , apunhalada pelas costas em 1834 , em Évora Monte .»
Em Guimarães, Alfredo Pimenta ao defender o regime de Hitler e de Mussolini, congratulava-se por ver na arena do mundo e á frente dos destinos de Portugal «um Homem, com H grande» (...) «que não anda turisticamente pelas salas das conferências, nem é chamado aos conclaves dos medíocres, porque os confundiria a todos. Esse homem é português, e dispõe tão só da sua inteligência culta, da dialéctica honesta das suas razões sinceras, da profundeza e da substância das suas doutrinas sãs – e chama-se Salazar.» E em face do exemplo, da conduta e do poder discricionário desse homem providencial que, também, se arrogava de permanecer «orgulhosamente só» Alfredo Pimenta interrogava com veemência: «Mocidade Portuguesa masculina, onde estão as tuas manifestações viris e audazes, braço erguido, na saudação que primitivamente te ensinaram? Legião Portuguesa, onde estão as tuas paradas sensacionais, face aos teus chefes a acolher-te, braço estendido, em saudação que todos conhecíamos e entendíamos?»
Proferia Alfredo Pimenta estas afirmações a 11 de Outubro de 1947.Além do repúdio frontal do comunismo e de todo o bloco soviético não era, também, menos radical em relação aos Estados Unidos. Será melhor transcrever, na íntegra, a sua condenação e repulsa ante « a América e essa chafarica da ONU, sucessora correcta e aumentada daquela outra chafarica de Genebra ( Sociedade das Nações ) que Deus tenha e mantenha nas profundas dos infernos. Tudo aquilo, nessa máquina geradora da Paz, é comédia mais ou menos gangsteriana, ou vampismo holywoodesco, que está a pedir, isso, sim, em dia de sessão plenária, bomba atómica certeira.»
Mesmo depois da derrota de Mussolini e de Hitler, Alfredo Pimenta o auto proclamado «doutrinador da portugalidade », preconizava a «unidade espiritual da Europa, pela conjugação da Águia germânica e da Loba romana », com o autoritarismo de « Salazar, nosso orgulho e nosso bem.». Posto isto não restam quaisquer dúvidas: portugalidade é, afinal, a mistura, a amalgama e o cacharolete de fascismo, de nazismo e de salazarismo.»
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Porto Editora 8 Edição J Almeida Costa e a Sampaio e Melo pag 1304 -- qualidade do que é portuguesismo , verdadeiramente, nacional da cultura portuguesa
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