A política, a corrupção e a demagogia
Nunca vi um estudo a provar que os cidadãos que exercem funções políticas sejam mais desonestos do que qualquer outro grupo de referência. Pelo contrário, são habitualmente mais escrutinados os que chegam o poder, quase sempre com remunerações inferiores às que obteriam noutros empregos e os incapazes acabam por ser penalizados na eleição seguinte.
Acontece que nenhum cidadão, em qualquer outra função, é tão enxovalhado e agredido como os governantes e os deputados. Os próprios autarcas passam incólumes, não raro, a fazerem campanhas negando ser políticos, o estigma de 48 anos ditadura. Salazar, um hábil e sinistro ditador, passava a mensagem de que a política não o cativava, apenas o bem do povo, que manteve pobre, analfabeto e domado pela censura, polícia política e poder discricionário dos seus próceres.
Acusar todos os políticos de desonestos é a prática dos desempregados políticos e dos demagogos que, fingindo não ser políticos, pretendem que os considerem honestos.
Os ataques ao carácter dos políticos a pretexto de opções, que raramente os críticos têm preparação para analisar, não passam de demagogia, que afasta os mais capazes e lança o labéu sobre os mais honestos e dedicados servidores públicos.
A ética republicana obriga-nos a distinguir o comportamento crapuloso dos que lesam o Estado deliberadamente dos que tomaram opções, eventualmente erradas, de boa fé, e que cabe aos eleitores julgar em atos eleitorais.
Os ataques sistemáticos aos políticos, de qualquer quadrante, a demagogia dos ineptos e a inveja dos néscios levam às suspeitas que antecedem uma qualquer ditadura.
À medida que vai desaparecendo a memória da guerra colonial, das prisões políticas, da censura, do degredo, das cargas policiais, da devassa da correspondência, das torturas e perseguições, do regime monopartidário, da religião imposta, e de todas as afrontas que a ditadura fez ao povo português, há cada vez mais saudosistas que, no ódio vesgo aos políticos, preparam as condições para o regresso a um fascismo de coreografia diferente.
Nunca as ameaças à sobrevivência coletiva foram tão grandes. A falta de água potável, ar respirável, alimentos e paz ameaçam os países mais ricos com a invasão de multidões que fogem à fome e à guerra impelidas pelo medo e desespero.
Quando os políticos precisam de tomar decisões urgentes para salvar o Planeta, decisões que mexem com o bem-estar e hábitos das populações, a iliteracia política, a inveja e o ressentimento encarregam-se de impedir as soluções e inviabilizar o futuro.
Quarenta e cinco anos de democracia, acompanhados de níveis de riqueza, bem-estar e aumento notável de esperança de vida, parecem exíguos a quem esqueceu o passado e a quem não o conheceu.
Os reiterados apelos para a redução dos vencimentos dos políticos, quando o próprio PR tem numerosos titulares de cargos do Estado muito mais bem remunerados, é um iníquo desejo criado pela ignorância, mesquinhez e, sobretudo, falta de cultura democrática.
Acontece que nenhum cidadão, em qualquer outra função, é tão enxovalhado e agredido como os governantes e os deputados. Os próprios autarcas passam incólumes, não raro, a fazerem campanhas negando ser políticos, o estigma de 48 anos ditadura. Salazar, um hábil e sinistro ditador, passava a mensagem de que a política não o cativava, apenas o bem do povo, que manteve pobre, analfabeto e domado pela censura, polícia política e poder discricionário dos seus próceres.
Acusar todos os políticos de desonestos é a prática dos desempregados políticos e dos demagogos que, fingindo não ser políticos, pretendem que os considerem honestos.
Os ataques ao carácter dos políticos a pretexto de opções, que raramente os críticos têm preparação para analisar, não passam de demagogia, que afasta os mais capazes e lança o labéu sobre os mais honestos e dedicados servidores públicos.
A ética republicana obriga-nos a distinguir o comportamento crapuloso dos que lesam o Estado deliberadamente dos que tomaram opções, eventualmente erradas, de boa fé, e que cabe aos eleitores julgar em atos eleitorais.
Os ataques sistemáticos aos políticos, de qualquer quadrante, a demagogia dos ineptos e a inveja dos néscios levam às suspeitas que antecedem uma qualquer ditadura.
À medida que vai desaparecendo a memória da guerra colonial, das prisões políticas, da censura, do degredo, das cargas policiais, da devassa da correspondência, das torturas e perseguições, do regime monopartidário, da religião imposta, e de todas as afrontas que a ditadura fez ao povo português, há cada vez mais saudosistas que, no ódio vesgo aos políticos, preparam as condições para o regresso a um fascismo de coreografia diferente.
Nunca as ameaças à sobrevivência coletiva foram tão grandes. A falta de água potável, ar respirável, alimentos e paz ameaçam os países mais ricos com a invasão de multidões que fogem à fome e à guerra impelidas pelo medo e desespero.
Quando os políticos precisam de tomar decisões urgentes para salvar o Planeta, decisões que mexem com o bem-estar e hábitos das populações, a iliteracia política, a inveja e o ressentimento encarregam-se de impedir as soluções e inviabilizar o futuro.
Quarenta e cinco anos de democracia, acompanhados de níveis de riqueza, bem-estar e aumento notável de esperança de vida, parecem exíguos a quem esqueceu o passado e a quem não o conheceu.
Os reiterados apelos para a redução dos vencimentos dos políticos, quando o próprio PR tem numerosos titulares de cargos do Estado muito mais bem remunerados, é um iníquo desejo criado pela ignorância, mesquinhez e, sobretudo, falta de cultura democrática.
Ponte Europa / Sorumbático
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