Portugal, um país exótico – A Operação Marquês
Como os meus amigos sabem e os leitores podem verificar, mantive sobre o processo o mais completo silêncio, mesmo quando as violações do segredo de Justiça eram graves e os atropelos aos direitos dos arguidos, que em qualquer momento pode ser um de nós, se revelaram danosos para o Estado de Direito. Foram anos de julgamentos na rua e nos média do costume, sem presunção de inocência.
Agora, quando o principal investigador do processo admite a possibilidade da não ida a julgamento do ‘caso’ e invoca, não as provas, mas a necessidade de manter a confiança na Justiça, parece não haver forma mais eficaz de lançar suspeitas sobre a investigação e as provas obtidas.
A agravar as dúvidas, aparece no último Expresso, na primeira coluna da contracapa do primeiro caderno, um artigo do influente jornalista, Ricardo Costa, que declarou que o PSD de Rui Rio era o seu partido e cujos ataques fraternais ao irmão e ao seu Governo lhe garantem o apodo de isento.
Diz Ricardo Costa, que tantas vezes ‘julgou’ os arguidos na SIC e no Expresso, que ‘revisitou o processo da Operação Marquês’ e que será “praticamente impossível que os principais arguidos, incluindo Sócrates, não sejam condenados por fraude fiscal e/ou branqueamento de capitais”, acrescentando que “são crimes que permitem penas de prisão efetiva”. E, admitindo que “a corrupção caia do processo, a probabilidade de condenações continua muito alta”.
Eu, que tinha uma certeza absoluta na condenação, se fosse crente benzia-me. Depois da prisão do ex-PM, em direto, para o País, via TV, da sua reclusão, da oferta recusada da pulseira eletrónica e do que li nos jornais e ouvi nas ruas, nos cafés, nos autocarros e aos taxistas, fixo perplexo.
Comentários
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Obrigado.
jose neves
Tal argumento do Teixeira não é virgem e já foi utilizado não só pelo Mano Costa como pelo Daniel Oliveira no mesmo "Expresso" num sentido ainda mais condenatório assim como: - pior revolta popular seria o Sócrates não ser julgado e condenado -.
E, claro, todos os opinadores do estilo eixo-do-mal e fedorentos governo sombra e bem pensantes, tipo Pacheco, para quem ninguém pode ser mais inteligente que eles e, logo, esfalfam-se em encontrar desqualides e desgrandezas nos melhores para reduzí-los á sua insignificante estatura.
É a histórica luta dos ratos contra os leões como diria George Steiner.