Dia 28 de abril de 2025 – 17H30

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Há seis horas sem eletricidade e sem o kit de sobrevivência de que a Sr.ª Von Leyen nos preveniu para aguentar três dias no caso de eventual ataque da Rússia, lamento não a ter levado a sério, não por causa da Rússia, mas pela falta de coisas essenciais.

Às 11H30, após o café, regressei a casa para ver as notícias e a TV estava muda. Tentei telefonar, para resolver o problema, e o telefone fixo não funcionou. Tentei do telemóvel e ninguém me atendeu, em telefones fixos ou móveis. Mandei um SMS à minha filha, Açores, a dizer que me faltava eletricidade há meia hora e a perguntar-lhe se lá também faltava. Recebi uma resposta bem-humorada, “Não, só deve faltar daqui a uma hora por causa do fuso horário. 😊(SIC)”.

Depois enviou-me outro SMS a pedir para a informar quando tivesse. Já não seguiu a mensagem. Entretanto a minha mulher lembrou-se de encher duas jarras da água, num total de 3 litros. É a única água que temos, pois na loja de proximidade esgotou a água engarrafada. Como não tenho velas, pilhas ou outro aparelho que dê luz, imagino que me vou deitar às escuras.

Durante a tarde fui várias vezes ao carro para ouvir notícias. Sei que o apagão atingiu a França, a Itália, a Espanha e Portugal e, há cerca de uma hora, ainda se ignorava quando seria resolvida a situação. Fiquei tranquilo porque Marcelo anunciou que estava a seguir a situação atentamente e Montenegro reunira o Conselho de Ministros e pedia calma. Fiquei tranquilo, não porque os levasse a sério, só porque me tinham poupado a vê-los.

E dou por mim a pensar como pude viver até aos dez anos na aldeia onde não havia luz elétrica, água canalizada ou saneamento, onde a minha mãe trouxe ao mundo os dois últimos filhos com uma vizinha analfabeta que não deixava sozinhas as parturientes.

Já lá vai quase meia hora. Quando voltar a eletricidade e a Internet publicarei este texto com saudações republicanas, laicas e democráticas para quem o ler.  

18H02 Sem Internet

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