O 25 de Abril e a degenerescência democrática da direita
A lamentável conduta do Governo em relação ao 25 de Abril não foi um facto novo, foi o resultado da degradação ética e da deriva direitista do PSD que começou com Marcelo Rebelo de Sousa, José Miguel Júdice, Santana Lopes, Durão Barroso e António Pinto Leite surgidos e organizados no movimento designado “Nova Esperança”, no início de 1984, para virarem à direita o PSD e levarem a direita mais conservadora ao poder.
Influenciaram o congresso do PSD, [1984, Braga] levando Mota
Pinto a derrotar Mota Amaral. E em 1985 [Figueira da Foz], conseguiram a
improvável ascensão à liderança do PSD do obscuro salazarista Cavaco Silva,
derrotando João Salgueiro.
Marcelo e Durão Barroso voltariam a juntar-se na organização
da candidatura vencedora de Cavaco em casa de Ricardo Salgado e com o
interessado para evitarem a candidatura de Freitas do Amaral com outra dimensão
cívica e cultural, e outro sentido de Estado.
A exigência de reserva relativamente às celebrações do 25 de
Abril, o cancelamento da sua agenda festiva e o adiamento das próprias
celebrações foi o desejo deste Governo, aproveitando como pretexto a morte do
Papa. É o que procurarei demonstrar:
1 – O cancelamento de feriados, 5 de Outubro e 1.º de
Dezembro, e a transferência das respetivas comemorações para os fins de semana
mais próximos foi a decisão de Passos Coelho que o PR Cavaco subscreveu para os
feriados mais emblemáticos da Pátria. Foi a imitação do seu ideólogo feita agora
por Montenegro.
2 – A declaração do luto pela morte do Papa escolheu os dias
que Montenegro quis e não foi a coincidência obrigatória com a data do óbito
papal, como mostro a seguir:
3 – A Governo Espanhol, aqui ao lado, onde um catolicismo
tóxico permanece, decretou os dias 26, 27 e 28;
4 – O próprio Vaticano, conhecedor dos sentimentos dos
italianos em relação ao feriado do 25 de Abril, Dia da Libertação, data da queda
do Governo de Mussolini, decretou o luto de 9 dias a começar no dia 26;
5 – Curiosamente, o governo italiano de extrema-direita, com
a PM Giorgia Meloni que ameaçara passar o dia ausente de Itália porque
declaradamente abomina esse feriado, foi a que decretou o luto mais longo de
qualquer governo, pelo inédito período de quatro dias, 22 a 26. E com igual
teor como justificação. Estranhas coincidências!
Não é apenas a disputa do eleitorado do Chega que motiva
Montenegro, é convicção.
Como compreender que o Governo tenha permitido retirar do (RASI)
Relatório Anual de Segurança Interna de 2024 o capítulo sobre extrema-direita e
o perigo que apresenta?
Ou/e a reação do PM aos desacatos do ex-juiz fascista
expulso da magistratura em que lamentou a sua violência, sem responsabilizar a
extrema-direita?
Nem o comportamento facinoroso do juiz Rui Fonseca e Castro, presidente do Ergue-te, o Nuno Melo do Chega, lhe mereceu referência! E não ignora o relatório da ONG norte-americana GPAHE contra ódio e extremismo, onde o Ergue-te foi classificado, com o ADN e o Chega, como grupos de ódio e extrema-direita.
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