Efeméride – 30-04-1945
Há 80 Adolf Hitler suicidou-se em Berlim, no bunker da chancelaria, com a sua família. O psicopata e genocida fugiu ao julgamento e apenas a História lhe fez justiça. Racista, xenófobo e nacionalista fez do antissemitismo bandeira e semeou a destruição, o caos e a violência, com milhões de mortos.
Há quem ignore a História da Europa de há um século e, pior, quem a omita. Foi com a retórica anticapitalista e anticomunista que germinou o nazismo, que o Partido Alemão dos Trabalhadores degenerou em Partido Nazista e a direita democrática se cumpliciou.
Foram o pangermanismo, o antissemitismo e o anticomunismo que destruíram as bases da democracia. Pagaram então amargamente judeus, ciganos, deficientes e outros. Hoje é no mesmo ímpeto racista e xenófobo que germina o ódio aos imigrantes, à política e à democracia.
Na Itália, com ligeiras nuances, foram o antiliberalismo, o anticomunismo e a oposição ao capitalismo liberal, tornados populares em toda a Europa, que mobilizaram grandes camadas da população para o apoio ao fascismo, regime que foi desejado e se manteve depois através da censura e da propaganda.
A onda de autoritarismos que varreu a Europa não terminou com a morte de Hitler e de Mussolini, terminou com milhões de mortos e estropiados no continente onde a guerra e as ditaduras o destruíram. Em Espanha e Portugal nem sequer chegou a democracia.
O belicismo renasceu, os ataques à democracia não cessam, o ódio aos políticos cresce, e o pretexto do combate à corrupção, hoje como então, serve para criar o húmus onde germinam o ódio e o ressentimento.
Hitler serviu-se do ressentimento ao Tratado de Versalhes para estimular o nacionalismo germânico contra a humilhação na primeira Grande Guerra. Em Portugal, hoje, vive-se já o ajuste de contas contra o 25 de Abril e o fim do “Ultramar infelizmente perdido”.
O fascismo não tem ainda grandes massas populares, mas a nossa incúria pode deixá-las à mercê de demagogos, e aventureiros dispostos a cavalgar a onda de descontentamento que eles próprios estimulam.
Quando parece esquecida a tragédia a que conduziram os nacionalismos e os monstros que lhe deram origem, urge recordar os afloramentos fascistas que renascem e lembrar que Salazar decretou três dias de luto nacional com bandeiras a meia haste, caso único na Europa.
Os biltres são hábeis a aproveitar as tradições e exímios a navegar o património afetivo dos povos.
Na morte de Hitler, é urgente revisitar a História da Europa de há um século.

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