Do Diário da Diana – 13 anos – escola C+S da Musgueira (24 de abril de 2025)
A minha mãe adora o 25 de Abril e eu também. O meu pai
detesta-o. Se a democracia fosse futebol, cá em casa a democracia ganhava 2-1.
Ontem a minha mãe estava possessa. Ouviu o Ventura a fazer
promessas, como se as pudesse cumprir, e disse que há mais gente estúpida do
que pensava e que esse aldrabão de feira parece um encantador de burros.
Como o meu pai andava com o táxi a dizer mal dos taxistas do
Bangladesh e de todos os imigrantes, ficámos à conversa depois de jantar. A
minha mãe não detesta só o Ventura, está desiludida com o Costa, irritada com o
Montenegro e furiosa com o Marcelo.
Ó Diana – dizia –, vê a falta que o Costa faz cá e a
inutilidade que é na União Europeia, onde bastavam a Von Leyen e a Kaja Kallas
para fazerem asneiras e serem humilhadas pelo desmiolado Trump!
Em Portugal a vergonha desceu à rua e o 25 de Abril está de
regresso ao 28 de maio. O país está entregue ao Bando dos Quatro que emigram
para Roma em gozo de férias de nojo pela morte do Papa, um homem decente que
junta no funeral a escória da política e o refugo dos católicos, os que diziam
cobras e lagartos do pontificado e fingem agora ser fervorosos admiradores de
quem defendeu a paz e os pobres.
Em Portugal, durante o funeral do Papa, o país fica entregue
aos bichos. A substituir o PR fica o Pacheco de Amorim, ex-terrorista do MDLP
ou outro vice-presidente da AR, em vez do PM fica o Miranda Sarmento porque até
o MNE, o indizível Rangel, foi como acólito do PR, PAR e PM para perfazer o
Bando dos Quatro, saborosa expressão de humor e raiva da minha mãe numa alusão
a um grupo de radicais da China de Mao.
De facto, quando um ministro, em nome do governo que se
ausenta para o estrangeiro no dia 25 de Abril, diz que «(…) o Governo cancelou
toda a agenda festiva e adiou as celebrações relativas ao 25 de Abril»,
até eu percebo que não estamos num país de gente séria, estamos nas mãos de
traidores, que trocam a Pátria por uma missa em Roma.
E, como se não bastasse, o ministro das Finanças do governo
de gestão, que já gastou a folga orçamental herdada, prepara-se agora para,
segundo alega, em conluio com o PS, endividar o País em mais 1,5% do PIB para a
Defesa, isto é, para armas.
Disse que pediu a Bruxelas para contrair mais 1,5% do PIB numa
dívida que não conta para o Orçamento do Estado. Perguntei à minha mãe como
era. Irritada, não comigo, nunca se zanga comigo, disse que era um expediente
para esconder a dívida, até termos de pagar o capital e os juros. Nem sequer é
uma dívida da UE, é só nossa.
E à custa de quem – perguntei eu? – De todos nós, respondeu ela.
Vão às pensões e aos benefícios sociais. Mas o Nuno Melo disse que uma coisa
não tinha a ver com a outra… li no seu sorriso triste o desprezo por tal
energúmeno e a dimensão da mentira.
E acrescentou, se tivéssemos um PR com um módico de
dignidade, alertaria o Governo que nos impôs para o descaramento de tomar
decisões com o PS sem saber se os dois têm a maioria em relação aos restantes. E
acrescentou, ó Diana, que legitimidade têm de decidir despesas que oneram as
gerações futuras sem as discutirem antes das eleições?
Que a Alemanha, queira gastar 500 mil milhões de euros, é lá
com ela, embora esteja na origem das duas grandes guerras mundiais e esquecida
da proibição de se rearmar, mas que a UE queira gastar 800 mil milhões também é
connosco. Não digo que sou contra o armamento da UE, mas é preciso que se saiba
para quê, para nos defendermos de quem e que sacrifícios estamos dispostos a
fazer, incluindo o de morrer na Gronelândia ou em qualquer área da UE que vier
a ser invadida.
A minha mãe diz que somos vítimas de bullying e que
há uma campanha de intoxicação em curso para evitar que discutamos o que
interessa aos portugueses para que interesses alheios possam prosperar.
Estou a pensar que amanhã não poremos cravos vermelhos na
jarra da sala, por causa do meu pai e, antes que na rua comece a ser tão
perigoso como dar vivas à República ou dizer mal do Salazar no tempo dos meus
falecidos avós, eu e a minha mãe, só as duas, vamos da Musgueira ao desfile da
Av. da Liberdade para gritarmos a plenos pulmões…
Viva o 25 de Abril! Sempre!
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