Ontem, em Almeida. Almoço popular com cerca de 200 democratas
25 de Abril - Caros conterrâneos e amigos:
Como é tradicional encontramo-nos hoje a celebrar o 25 de
Abril, o 51.º aniversário da Revolução e o cinquentenário das primeiras
eleições livres depois do longo período de 48 anos de ditadura.
Foi para muitos da minha geração o dia mais feliz das nossas
vidas, a data mais ansiada, a que transformou Portugal, de uma ditadura
autoritária numa democracia moderna.
A Revolução de Abril foi obra de militares e a democracia herança
sua. Foram capitães de Abril os que libertaram Portugal e, nessa distante
madrugada, concretizaram o desejo de um povo reprimido. Por isso, hoje, aqui
homenageamos a data e os capitães de Abril.
Muitos democratas sofreram a violência da repressão, as
perseguições, prisões, tortura e até assassinatos. Todo o povo sofreu a
censura, as ameaças, o medo e a devassa das suas vidas, mas foram os capitães
de Abril, só eles, que trouxeram a liberdade na ponta das espingardas.
É difícil imaginar hoje o que era então o País. Jazem na
memória dorida da ditadura o candeeiro a petróleo, a candeia de azeite, as
casas de telha vã e os cântaros para levar a água da fonte ou de poços às casas
sem saneamento, luz elétrica ou qualquer conforto de aldeias onde se chegava
por carreiros ou caminhos de terra batida.
A censura, o partido único, o despotismo e o analfabetismo,
eram a marca do país que na Europa tinha os mais elevados índices de
mortalidade infantil, neonatal e materna.
Se a tragédia da ditadura não fosse já suficientemente
penosa, faltava ainda a guerra colonial, atrasada no tempo e sem qualquer
justificação, que se arrastou durante longos anos e inviabilizou a
descolonização negociada, acrescentando aos milhares de mortos e estropiados o
drama de um milhão de retornados.
Muito do que temos e somos hoje, o melhor que usufruímos, é
fruto do 25 de Abril e da quebra do isolamento da ditadura. Há conquistas efetivas
que persistem, e a democracia é uma realidade que o aumento das desigualdades
económicas e sociais põem em risco.
Mas não há conquistas irreversíveis nem democracias eternas.
Há o risco do regresso de forças de extrema-direita, agora pela via eleitoral,
em Portugal e no resto da Europa.
A insensatez do PR, que com sucessivas dissoluções
parlamentares nos trouxe um grupo parlamentar de 50 deputados fascistas foi a
principal responsável do ressentimento que ora se sente e da deriva autoritária
para que nos encaminhamos.
É por isso que que não basta celebrar Abril, é preciso
defendê-lo na unidade de todos os democratas e contra todas as formas de
opressão.
Acreditem, a pior das democracias é melhor do que qualquer
ditadura.
É por isso que vos convoco para a defesa do 25 de Abril
todos os dias nos dias que vierem. Abril defende-se no aprofundamento da
democracia nas áreas económica, social e política, na luta contra as
desigualdades, na defesa da educação, saúde e segurança social para todos.
É preciso sermos firmes na defesa de Abril para não
voltarmos ao salazarismo, ao tempo de onde viemos, à miséria de onde
partimos, à ditadura em que nascemos.
Abril vencerá!
Viva o 25 de Abril!
Viva Portugal!

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