Dia de Páscoa

A Páscoa é no primeiro Domingo depois da primeira lua cheia após o equinócio da Primavera. A datação baseia-se no calendário lunar que os hebreus usavam para identificar a Páscoa judaica, razão pela qual é uma festa móvel no calendário romano. E o imperador Constantino, no Concílio de Niceia, também se meteu no assunto, ajudado por 318 bispos, no ano 325.

Mas a Páscoa é quando e como a religião quiser. Os judeus celebram a libertação da escravatura no Egito e os cristãos a ressurreição de Cristo, mais de quinze séculos depois. Acertam no dia e divergem no milénio. Com o tempo, diluiu-se a memória do plágio e a razão da festa. Os cristãos ortodoxos complicaram o achamento do dia. É hábito recordarem a ressurreição de Jesus Cristo (JC) com uma semana de atraso, em relação aos católicos.

Hoje foi dia de Páscoa nos países cristãos, data em que JC ressuscitou dos mortos, após breve defunção. Depois andou quarenta dias a errar por Jerusalém, a fazer prova de vida para os que acreditaram e para que acreditassem os que nasceram depois.

Ontem, ainda o ícone da lenda cristã jazia morto e já lautos repastos tinham lugar para gáudio da indústria da restauração. Hoje, consumada a ressurreição, raros Cafés estão abertos. Antigamente, neste dia, queria tomar um café e não encontrava onde.

Livre da cruz onde se finou, JC foi sepultado, como era uso. Para alegria da fé, subiu ao Céu e sentou-se à mão direita de deus-pai, sujeito de mau feitio cuja biografia vem num livro pouco estimável, da Idade do Bronze, de origem duvidosa – Antigo Testamento.

A mim, que sou ateu, é-me indiferente que JC tivesse sido carpinteiro, para continuar o negócio da família, ou que se afeiçoasse à pregação e aos milagres, naquele tempo um segmento promissor do sector terciário de uma economia rudimentar.

O que me doeria, independentemente dos laivos politeístas da ICAR, com o deus-pai, o deus-filho, a mãe do filho, a pomba e muitos filhos da mãe criados santos, era não ter um sítio para almoçar, como sucedia em tempos mais pios. Hoje estavam à cunha.

A Páscoa da Ressurreição serve para relembrar o festejado cansado da defunção, que se passeou entre amigos antes de emigrar para o Céu.

E eu aproveito para deixar os votos canónicos que é mister apresentar nesta festividade, exonerados do adjetivo relativo à santidade. Boa Páscoa para tod@s.



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