Nacionalismo criticado pelo Papa
Por Onofre Varela
O sentimento nacionalista é uma faca de dois gumes. Se, por um lado, com ele se pode demonstrar o “amor” (talvez melhor dito) o “interesse” do cidadão pela terra que é sua, pelo país que é seu, o qual enaltece por razões perfeitamente válidas que têm a ver com a sua história familiar que faz o lugar onde nasceu, e cujo lugar também acabou por o moldar numa simbiose natural difícil de igualar… o que é um sentimento poderoso e, podemos dizer, mesmo, saudável (se for bem doseado).
Porém, há um outro sentimento nacionalista que deve ser evitado… é aquele que acaba por inquinar mentes defeituosa
A “minha terra” é, em termos geológicos e universalistas, a terra de toda a gente. Todos nós nascemos no mesmo planeta que é a nossa verdadeira terra, independentemente do local que pisemos. O que pisamos é só o nosso quintal. Podemos defender o valor afectivo que nutrimos pelo “nosso torrão”, pela “nossa rua”, mas sem esquecermos que “o quintal e a rua dos outros”, é tão importante quanto a nossa rua que pode ser calcorreada e habitada por quem nasceu noutras ruas… noutros torrões e tem outros quintais. (Aqui podemos abordar os costumes étnicos “dos outros”, que são diferentes dos nossos e são representativos “da rua deles”. Valores que nós também temos, embora sejam diversos dos seus. Esta diversidade faz a riqueza étnica da origem de cada um de nós, embelezando o planeta com grinaldas de todas as cores. Mas esta consideração já merece um outro texto para além deste que aborda o Nacionalismo Serôdio).
A condenação deste egoísmo patriótico esteve bem presente nas palavras do novo Papa, em notícia divulgada pela imprensa um mês após ter sido eleito. Leão XIV, na homilia da missa que celebrou no dia 8 de Junho, criticou o surgimento de movimentos políticos nacionalistas, class
O Papa pediu “que Deus abra fronteiras, derrube muros e dissipe o ódio” seguindo pergaminhos de Francisco, o que aponta para que a sua intervenção política e social perante o mundo de crentes e não crentes, será muito idêntica à do seu antecessor, o que é uma boa notícia, se não para todos os católicos (os mais fundamentalistas [
Este seu pedido foi feito perante uma multidão de dezenas de milhar de pessoas na Praça de S. Pedro, no Vaticano. «Não há lugar para o preconceito, para “zonas de segurança” que nos separem dos nossos vizinhos, para a mentalidade da exclusão que, infelizmente, vemos agora emergir também nos nacionalismos políticos», disse o pontífice.
Antes de se tornar Papa, Robert Prevost, enquanto cardeal, não hesitou em criticar o presidente dos EUA, Donald Trump e o vice-presidente J. D. Vance na rede social nos últimos anos. Francisco, que foi Papa durante 12 anos, era um crítico contundente de Trump e afirmou, em Janeiro, que o plano do presidente de deportar milhões de migrantes dos EUA durante o seu segundo mandato era uma “vergonha”.
Francisco disse mesmo que Trump “não era cristão” por causa das suas opiniões sobre a imigração. “Uma pessoa que pensa apenas em construir muros, seja onde for, e não em construir pontes, não é cristã”, disse Francisco quando questionado sobre Trump em 2016.
(Nota bem humorada: o director de um jornal para onde enviei este texto para ser publicado, quando o recebeu, comentou; «estás quase a ser crente!». Respondi-lhe que o Papa Francisco é que estava quase a ser ateu😆!...)
«De Que Cor é Um Homem? - De Klerk Preto e Mandela Branco».
Desenho a guache, de 1990, quando o último presidente branco da África do Sul libertou Nelson Mandela. A cor da pele também é usada pelos cidadãos mal comportados para estabelecerem diferenças entre os homens e perseguirem, maltratarem, agredirem e matarem... quem não tem uma pele igual à deles... sem imaginarem que a diferença não está na pele mas naquilo com que carregam o cérebro. E esses coitados nasceram com um defeito genético: têm os intestinos no crânio.
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