Quem diria que escrevi este texto no dia de hoje, há exatamente seis anos?

TRUMP e o Irão – Carlos Esperança 22 de junho de 2019

Trump e o Irão ou o adiamento do projeto do conselheiro de Segurança Nacional, John Bolton,

É preciso ser demasiado ingénuo ou excessivamente tolo para acreditar que Trump teria cancelado o ataque ao Irão porque morreriam 150 pessoas, e é demasiado perigoso ficar tranquilo com a capacidade do imprevisível PR da maior potência mundial para decidir a invasão de um país, com catastróficas consequências globais.

É tão pueril a desculpa de Trump para suspender a agressão como idiota a fanfarronice do ayatollah Khamenei a acusá-lo de salvar um avião dos EUA com 35 pessoas a bordo.

A acreditar na informação ou contrainformação, esteve tudo preparado para a tragédia e nada assegurado para que não venha a acontecer. Imaginar uma tal agressão em curso e suspensa porque, entretanto, Trump perguntou quantas pessoas iam morrer, é juntar um pesadelo com a mais idiota das desculpas.

Pela primeira vez na história dos EUA, Trump tem a rara faculdade de não distinguir os aliados dos adversários, tratando-os a todos como inimigos, ameaçando uns e outros e impondo condições a todos. Comporta-se como um dono de escravos, anterior a 1863, quando Abraham Lincoln a aboliu nos EUA, mas a diferença entre a grandeza épica e ética do 16.º presidente dos EUA e a deste tosco e amoral PR é incomensurável.

A União Europeia, onde ainda se preservam normas de decoro e um módico de respeito pelos tratados, vê-se confrontada com o poderoso biltre que a trata como protetorado e lhe exige obediência política, económica e geoestratégica.

Uma situação destas nunca tinha acontecido. A Europa sofreu invasões catastróficas ao longo da sua História, mas é a primeira vez que é humilhada por um país colonizado por europeus que julgávamos integrado no mesmo espaço civilizacional e a partilhar os mesmos valores éticos e democráticos. Para já, o anúncio da invasão ao Irão foi também uma advertência à UE para colaborar no boicote ao petróleo iraniano.

O maior favor que a União Europeia pode fazer a este biltre é desintegrar-se. Ele ajuda.

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