A BARRACA

Na sequência das agressões de um grupo neonazi aos atores de “A Barraca” julguei que nada me poderia indignar mais do que o facto em si, o ódio e a violência da agressão ao ator, à cultura e à liberdade, num ataque deliberado à democracia.

Sinto que a História se repete na Europa, nove décadas depois do advento do fascismo e da sua outra face, o nazismo. Não adianta negar que haja 1.345.689 fascistas em Portugal, tantos quantos votaram no Chega. Há, há ainda mais, racistas, xenófobos e homofóbicos, que se abstiveram ou não têm idade de votar. E outros que se aproximam.

É erro pensar que esses votos não são ideológicos e que a violência é uma idiossincrasia de marginais. É a violência baseada em algumas razões, muitas perceções e demasiado oportunismo político para fins eleitorais.

Alguma esquerda entende que não há choques culturais, e há, e os partidos fascistas são exímios em explorá-los. A exigência de respeito pelo nosso ethos civilizacional não é intolerância para quem é diferente, é uma necessidade para evitar choques e violência.

Mas a indignação é ainda maior a ouvir Carlos Moedas, o sonso edil de Lisboa, que não fala sem abdicar da primeira pessoa, sem se colocar no centro do discurso, sem estar em permanente campanha eleitoral.

Quando se julgava que Moedas teria o senso de se comportar à altura do que merecia o soez ataque nazi, à semelhança do que fizeram Marcelo e Marques Mendes, culpou os extremismos de esquerda e de direita numa deriva demagógica e mentirosa. Cavalgou a insegurança que rende votos, em modo Chega, sem reparar na origem dos criminosos.

Absti-me (sic) disse Moedas em tão desmesurado conflito com a conjugação do verbo abster como com a interpretação dos factos, enquanto insistia em transformar a polícia municipal em força de segurança e exigia uma reunião com a Ministra da Administração Interna, como se tivesse dificuldade nisso ou julgasse que era ainda governo o PS.

Ninguém lhe diz que não há em Portugal, há muitas décadas, terrorismo de esquerda, e que foi a AD que escondeu a atividade e o perigo para a ordem e segurança pública que representam os grupos de extrema-direita?


Ignora que a decisão de retirar da versão final do Relatório Anual de Segurança Interna (RASI/2024) o capítulo de cinco páginas sobre “Ameaças Híbridas e Extremismos”, da autoria da Polícia Judiciária (PJ) foi aprovada pelos membros do Gabinete Coordenador de Segurança numa reunião do dia 21 de março, da “versão de trabalho”, por vontade da ministra da Justiça e da ex-MAI, respetivamente Rita Júdice e Margarida Blasco?

Quando Carlos Moedas se confunde com o Chega, a mentira e a dissimulação atingem o auge.

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