A ICAR e a canonização de D. Nuno
Por
É - Pá
AS ESPECIOSAS E HONORÍFICAS SANTIFICAÇÕES…
A Europa, foge-lhes, debaixo dos pés...
Gradativamente, as nações, foram criando países laicos e relegando para segundo plano as honrarias e as submissões divinas...
A ICAR e outras Igrejas perdem influência na manobra política, por processos eminentemente civilizacionais.
Mesmo em casos, como o anglicanismo que, historicamente, é uma religião de Estado, a sua existência é simbólica, protocolar e é mais um pergaminho evocado pelos descendentes de Henrique VIII, baseado em questões pessoais e políticas de antanho, do que uma actual intromissão da religião no poder político inglês.
A ICAR foi morrendo aos poucos, exactamente, como na Reforma. Por uma total perda de identidade.
No séc. XVI entrou em conflito com o pensamento renascentista. Nos tempos actuais com a modernidade.
De facto, quando a ICAR giza, como resposta, a contra Reforma corporizada pelo concílio de Trento, onde é guiada pelo medo de perder a predominância política que já estava em causa, ou definitivamente perdida, nos países protestantes, do Centro e Norte da Europa. As ideias renascentistas tinham sido captadas e adoptadas pela burguesia emergente e as instituições bancárias. Isto é, pelo novo poder político, social e cultural, emergente.
O concílio de Trento é uma resposta pouco digna e rudimentar. É o estertor repressivo: insistir na catequização dos nativos que surgiam nos Descobrimentos (fundamentalmente portugueses e espanhóis), intensificar a Inquisição e promover a criação do Index Librorium Proibitorium (Índice de Livros Proibidos) para evitar a propagação de ideias contrárias à Igreja Católica.
É, em Trento, que a ICAR perde definitivamente a Europa.
Com a sua lentidão tradicional só o irá sentir séculos mais tarde.
Nos tempos actuais os chefes do catolicismo peregrinam fora da Europa.
A cultura europeia tornou-se refractária para aceitar o seu efectivo - mas sempre negado - divórcio entre a Religião e a Ciência, para tolerar intromissões moralistas na vertente social e livre da vida europeia comunitária, confundindo-as com posições éticas e, com isso, interferindo nas questões sociais do aborto, do direitos cívicos dos homossexuais e na aceitação das minorias e da diferença, alimentaram um clima de conflitos e de crispação, quando não homofóbico.
Esta a segunda morte, o combate contra a evolução do pensamento humano, quer social, político e filosófico, leva a ICAR a não conseguir, na sua necessária dimensão, um aggiormanento, com a realização do Concílio Vaticano II.
A ICAR volta-se, na época pós-conciliar, para as peregrinações pelo Terceiro Mundo, fora dos conflitos culturais, éticos e sociais de uma Europa que emancipando-se politicamente, separando a religião do Estado e recusando a dogmatização da vida e do pensamento, deixou de ser o seu suporte teológico e um terreno dinamizador para as doutrinas canónicas e teocráticas.
Com Bento XVI, estiolam-se os poucos e raros ganhos deste Concílio.
Hoje, a ICAR tenta penetrar nos meios europeus pelo caminho dos santos, incidindo nos limites periféricos dessa Europa onde, apesar de tudo, prevalecem algumas superstições, existe uma maior tolerância ao sobrenatural e mais complacência pelo místico.
Foi em Espanha, com a santificação-relâmpago de Escrivá, canonizações e santificações avultadas e avulsas de ex-falangistas que, querendo reconquistar os crentes, não pacificaram o ambiente cristão espanhol…
Por cá, depois do processo dos pastorinhos, agora o do (ainda) beato Nuno.
Em Portugal perde-se a noção dos limites do credível.
Ninguém ouve a Igreja – como o patriarca Policarpo – que, apesar de continuar a ser religioso, representa a sua vertente culta, humana e responsável.
E, na actual miséria franciscana, surge o bispo Carlos Azevedo de braço dado com a D. Guilhermina, num quadro de ridículo espantoso e de menosprezo pela inteligência dos portugueses a filosofar contra o ateísmo.
Resta aos que – como bispo Azevedo – dizem aceitar o ateísmo no plano da retórica filosófica, toleram mal os que se assumem e associam como ateus e que no fundo pretendem que acreditemos no Pai Natal ou na cura inacreditável de D. Guilhermina…não nos lacem o labéu de anti-patriotas por não apoiarmos, na Europa, um santo português e criticarmos uma especiosa representação do Estado nas cerimónias de santificação ou de glorificação de Nuno Alvares Pereira, de sua graça.
O dignitários portugueses vão pôr-se de joelhos no Vaticano, porque, como dizia o meu avô:
o respeitinho é muito lindo!
É - Pá
AS ESPECIOSAS E HONORÍFICAS SANTIFICAÇÕES…
A Europa, foge-lhes, debaixo dos pés...
Gradativamente, as nações, foram criando países laicos e relegando para segundo plano as honrarias e as submissões divinas...
A ICAR e outras Igrejas perdem influência na manobra política, por processos eminentemente civilizacionais.
Mesmo em casos, como o anglicanismo que, historicamente, é uma religião de Estado, a sua existência é simbólica, protocolar e é mais um pergaminho evocado pelos descendentes de Henrique VIII, baseado em questões pessoais e políticas de antanho, do que uma actual intromissão da religião no poder político inglês.
A ICAR foi morrendo aos poucos, exactamente, como na Reforma. Por uma total perda de identidade.
No séc. XVI entrou em conflito com o pensamento renascentista. Nos tempos actuais com a modernidade.
De facto, quando a ICAR giza, como resposta, a contra Reforma corporizada pelo concílio de Trento, onde é guiada pelo medo de perder a predominância política que já estava em causa, ou definitivamente perdida, nos países protestantes, do Centro e Norte da Europa. As ideias renascentistas tinham sido captadas e adoptadas pela burguesia emergente e as instituições bancárias. Isto é, pelo novo poder político, social e cultural, emergente.
O concílio de Trento é uma resposta pouco digna e rudimentar. É o estertor repressivo: insistir na catequização dos nativos que surgiam nos Descobrimentos (fundamentalmente portugueses e espanhóis), intensificar a Inquisição e promover a criação do Index Librorium Proibitorium (Índice de Livros Proibidos) para evitar a propagação de ideias contrárias à Igreja Católica.
É, em Trento, que a ICAR perde definitivamente a Europa.
Com a sua lentidão tradicional só o irá sentir séculos mais tarde.
Nos tempos actuais os chefes do catolicismo peregrinam fora da Europa.
A cultura europeia tornou-se refractária para aceitar o seu efectivo - mas sempre negado - divórcio entre a Religião e a Ciência, para tolerar intromissões moralistas na vertente social e livre da vida europeia comunitária, confundindo-as com posições éticas e, com isso, interferindo nas questões sociais do aborto, do direitos cívicos dos homossexuais e na aceitação das minorias e da diferença, alimentaram um clima de conflitos e de crispação, quando não homofóbico.
Esta a segunda morte, o combate contra a evolução do pensamento humano, quer social, político e filosófico, leva a ICAR a não conseguir, na sua necessária dimensão, um aggiormanento, com a realização do Concílio Vaticano II.
A ICAR volta-se, na época pós-conciliar, para as peregrinações pelo Terceiro Mundo, fora dos conflitos culturais, éticos e sociais de uma Europa que emancipando-se politicamente, separando a religião do Estado e recusando a dogmatização da vida e do pensamento, deixou de ser o seu suporte teológico e um terreno dinamizador para as doutrinas canónicas e teocráticas.
Com Bento XVI, estiolam-se os poucos e raros ganhos deste Concílio.
Hoje, a ICAR tenta penetrar nos meios europeus pelo caminho dos santos, incidindo nos limites periféricos dessa Europa onde, apesar de tudo, prevalecem algumas superstições, existe uma maior tolerância ao sobrenatural e mais complacência pelo místico.
Foi em Espanha, com a santificação-relâmpago de Escrivá, canonizações e santificações avultadas e avulsas de ex-falangistas que, querendo reconquistar os crentes, não pacificaram o ambiente cristão espanhol…
Por cá, depois do processo dos pastorinhos, agora o do (ainda) beato Nuno.
Em Portugal perde-se a noção dos limites do credível.
Ninguém ouve a Igreja – como o patriarca Policarpo – que, apesar de continuar a ser religioso, representa a sua vertente culta, humana e responsável.
E, na actual miséria franciscana, surge o bispo Carlos Azevedo de braço dado com a D. Guilhermina, num quadro de ridículo espantoso e de menosprezo pela inteligência dos portugueses a filosofar contra o ateísmo.
Resta aos que – como bispo Azevedo – dizem aceitar o ateísmo no plano da retórica filosófica, toleram mal os que se assumem e associam como ateus e que no fundo pretendem que acreditemos no Pai Natal ou na cura inacreditável de D. Guilhermina…não nos lacem o labéu de anti-patriotas por não apoiarmos, na Europa, um santo português e criticarmos uma especiosa representação do Estado nas cerimónias de santificação ou de glorificação de Nuno Alvares Pereira, de sua graça.
O dignitários portugueses vão pôr-se de joelhos no Vaticano, porque, como dizia o meu avô:
o respeitinho é muito lindo!
Comentários
É-Pá ... bom artigo, pá !
Apenas aditaria um pormenor : a "santificação relâmpago" de Escrivá demorou 10 (Novembro 92 a Outubro 92) anos, enquanto a do Nuno Álvares foi "super-relampago" pois demorou apenas 5 !
( fonte : http://www.pt.josemariaescriva.info/showdocuments.php?id=452)
Parecia-me importante que se dissecassem as razões que levaram à canonização de Nuno Álvares porque a super-rapidez é reveladora de um interesse estratégico muito relevante para o Vaticano.
É que como já alguém disse ... "não há almoços grátis".
Certamente que tal pressa não é só por causa do respeitinho, e deverão estar em causa importantes interesses financeiros.
Cordialmente
ICAR sem santos iria à bancarrota depressa!
A Questão do Nuno é calcular de antemão QUANTO vai render! A deslocação a Roma e os outros ensaios já estão a dar lucro. Quem paga? O fanático Zé Povinho!
Os interesses financeiros em causa serão muito mais do que uma simples deslocação de um séquito oficial a Roma.
Basta lembrar que a nova basílica de Fátima custou 70 milhões de euros e foi paga a pronto.
Cordialmente
Ouvi dizer que em Fátima só as velas de metro rendem uma fortuna anual!!
Quando o povo é vítima de velas sopram os ventos a favor do papa!...
Fino recorte literário.
Sempre julguei que velas e vento não casavam, mas enfim estamos sempre a aprender.
Acho que o Bispo está errado.
Por um lado, não existe ateísmo. Estamos perante uma seita de fanáticos sem quais tipo de base ideológico-filosofica:
Por outro lado, as afirmações dos ateístas não são retórica filosófica. São mesmo algumas colecções de enormidades que só têm cabimento em duas situações: no plano da delinquência juvenil (prorrogada na idade por uma atraso no desenvolvimento psico-social e civilizacional), ou no quadro de alguma disfunção gerada por graves problemas de sanidade mental.
As casas de saúde mental estão cheios de filosóficos ateístas… para cumulo, algumas, como a de Barcelos, por exemplo, é administrada pela Igreja Católica e não pelos ICAR (Insolentes e Contraculturais Ateus Republicanos).