A França, o Papa e a Laicidade
O Presidente do Conselho Pontifício para a Promoção da Nova
Evangelização, cardeal Rino Fisichella, falou no
“direito de Deus”, o contrapoder antidemocrático que gostaria de sobrepor
ao sufrágio universal. No mesmo dia, o Papa aproveitou as felicitações
hipócritas ao novo presidente francês para lhe solicitar «respeito
pelas «tradições espirituais», uma afronta a um país sem mácula no respeito
pela liberdade religiosa.
«A República [Francesa] assegura a liberdade de consciência
» e «garante o livre exercício dos cultos» (Art.º 1) mas «não reconhece, não
remunera nem subvenciona nenhum culto» (art.º 2 ) da lei de 11 de Dezembro de 19 05,
texto que Pio X condenou e que os dois últimos pontífices se esforçaram por
remover.
A França não esqueceu, na hora do voto, as piruetas de Sarkozy
para atrair votos dos crentes, sobretudo dos católicos, tradicionalmente
conservadores e certamente teve em conta os recados do Vaticano e do episcopado
contra François Hollande.
Na última terça-feira, o
novo presidente francês manifestou a sua intenção de reafirmar “em todas as
circunstâncias” os “princípios intocáveis da laicidade” do país, comprometendo-se
também na luta “contra o racismo, o antissemitismo e todas as discriminações”.
Não fez mais do que reiterar o respeito pela lei e pelos compromissos assumidos
durante a campanha.
A laicidade tem poupado a França às humilhações que os dignitários
religiosos gostam de impor a quem tem legitimidade democrática e, desde 1905,
tem sido um instrumento útil para defender a cidadania do comunitarismo e a
liberdade da exótica vontade divina que, jamais, seja qual for a religião que a
interprete, se conforma com as leis humanas.
A laicidade é a forma justa de tratar todas as convicções de
igual forma e de combater a subversão que o proselitismo procura. Mais do que
um direito, é uma necessidade para os Estados conterem o proselitismo de
religiões concorrentes.
O Estado é incompetente para se pronunciar sobre assuntos da
fé e não deve encarregar-se de promover a difusão de qualquer credo particular.
A França, no que diz respeito à laicidade, é um modelo que
devia servir de exemplo aos outros países. Os franceses, vítimas do genocídio
provocado pela cruzada contra os albigenses, têm na laicidade a arma que impede
o Vaticano de impor a sua iconografia nas escolas, tribunais, repartições e
outros edifícios públicos e, sobretudo, a coerência para se defenderem do
fascismo islâmico fomentado nas madraças e mesquitas.
A laicidade é filha dileta da República. Viva a República.
Comentários
dito langue d'oc
compris
non
ce n'est pas votre faulte
é o systema de ensino que o abrutalhou...