GRÉCIA

Líder conservador sem condições para formar governo… link

Antonis Samaras líder do Partido da Nova Democracia (Direita) a formação política mais votada (19 % dos votos) nas eleições legislativas gregas de ontem, declarou não ter condições para formar Governo. Nem mesmo com o incrível 'bónus' de 50 deputados (atribuídos ao partido vencedor). Uma constatação que todos já adivinhávamos. Mas não se trata de súbita inépcia política, pois é evidente que nenhuma formação política estará em condições para tal, já que a sociedade grega, nestas últimas eleições, mostrou estar ferida por profundas fracturas políticas e sociais.

Tornou-se evidente que, a eminência da repetição de eleições e, pelo meio, aparecerá o ‘pressing’ da UE, do FMI e na obscuridade dos ditos ‘mercados’, até que seja possível cozinhar uma ‘solução’ (provavelmente uma ‘Endlösung’). E, neste esquema, as eleições repetir-se-ão, umas atrás das outras, até o resultado final esteja conforme ao ‘esperado’ por Berlim, Frankfurt, Bruxelas, Washington DC, …

A situação grega vem, tardiamente, a dar razão a um dos políticos sacrificados na ‘crise grega’, Georges Papandreou, que em Novembro passado (antes do 2º. pacote de ajuda) quis realizar um referendo para esclarecer junto dos gregos o trajecto europeu e a participação no euro. Nessa altura, sob a batuta política do 'duo Merkozy' e, simultaneamente, a ameaça ‘surda’ dos credores (vulgo ‘mercados’) que, agitando o espectro da insolvência imediata, impuseram um volte face à questão referendária e, apeando o Governo eleito, procederam à sua substituição por um ‘Governo Técnico-Político’.

O desfecho dessa ‘solução’ (política) foi conhecido ontem. Criou-se um labiríntico e gigantesco impasse que, para além da sua insolubilidade intrinseca, contém no seu ventre a ameaça de bloquear o processo (e o regime) democrático naquele País.

Deste modo, perdeu-se mais de 6 meses quando na altura se argumentou que não poderia haver um ‘compasso de espera’ de 6 semanas (tempo previsto para organizar o referendo). Perdeu-se, também, a confiança nas potencialidades do sistema democrático para dirimir situações complexas. Provavelmente, ter-se-á perdido um membro da Zona Euro e, os próximos dias o dirão, poderemos ter – no meio de tantas ‘perdas’ – ‘encontrado’ uma incomensurável e devastadora turbulência que vai abalar toda a UE.

Entretanto, um ‘prodígio’ da (ir)realidade política europeia, de sua graça, Passos Coelho, resolveu antecipar-se à confusão e aparece a declarar que “Toda a Europa está interessada em "solução estável" de Governo (na Grécia)” link.
Só não explicou duas coisas: se desconhece o resultados eleitorais (na Grécia) e deste modo, pronunciou-se ad hoc, ou pior, se pensa que o processo democrático pode ter hiatos...
Há uma terceira possibilidade que lhe (ao PM português) poderá ser cara: Os partidos que, na campanha eleitoral, se exprimiram e manifestaram contra o(s) Memorando(s) de Entendimento 'podiam', no dia seguinte às eleições, abjurar os respectivos programas, p. exº., invocando a urgência de tomar medidas (de interesse nacional e europeu), a gravidade da situação económica, financeira e social, a ‘não-existência’ de alternativas à austeridade, a bancarrota eminente, o necessário 'caminho do empobrecimento', etc.
Claro que, complementarmente, poderia ser acrescentado que se algum partido grego assim o fizesse não estaria a proceder de modo inédito, nem inovador, i.e., nada que na ocidental praia lusitana já não tivesse sido, recentemente, ‘experimentado’...

Entretanto, enquanto a crise grega deixou de agravar-se para entrar em franca e descontrolada convulsão, a UE corre o risco de ter de esperar até ao Outono de 2013 (eleições federais alemães) para 'arranjar' saídas (boas ou más).

Comentários

eh pá és um optimista
os finlandeses já nem um tusto vão dar em Junho e os Holandeses têm os problemas deles
os franceses vão ficar espanhóis a meio do ano
onde é que os gregos vão arranjar carcanhol para pagar as pensões dos profes universitários que já foram cortadas ao meio?

devem ser os húngaros na bancarrota ou os romenos que os ajudam né?
usa a calculadora pá....
os CP gregos só até amanhã já vão ter tantos dias de greve em maio do que os portugueses que ainda nem começaram...
uma má saida é dar um tiro nos cornos?

uma boa saída é dar um tiro noutro gajo?
Anónimo disse…
sai dessa meu...não há saídas

só há entradas e tão quase vazias

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