Notas Soltas - Abril_2012
Desemprego – Com a falência diária de 17 empresas, desde janeiro, fermenta o caldo de cultura de uma explosão social que os economistas não previram e o Governo será incapaz de conter.
Economia – O programa modelar do PS de controlo das contas públicas e do défice herdado do PSD, entre 2005 e 2008, foi arrasado com a crise mundial de 2008. As medidas de austeridade – inevitáveis –, deviam ter respeitado a equidade, sem fazer dos funcionários públicos e dos pensionistas as vítimas prediletas.
Finanças – Os lapsos e o colossal desvio do Orçamento transformaram o mago das contas públicas no oráculo que previu o regresso de Portugal aos mercados em 23 de setembro de 2013. Faltou ao ministro anunciar a hora para aumentar o ridículo.
Argélia – Os islamitas perfilam-se uma vez mais como os favoritos à vitória nas próximas eleições enquanto os salafitas se preparam para governar a Líbia. Só a Tunísia resiste à sharia. Na política, a vitória das religiões transforma as primaveras em invernos.
Alemanha – O marido da senhora Merkel, professor de química na Universidade de Berlim, é obrigado a pagar o transporte no avião oficial da mulher. Assim, por razões económicas, opta por companhias de baixo custo para passar férias com a chanceler. Um exemplo para Portugal.
AR – A conquista de uma maioria, um governo e um presidente levou à abertura de um precedente insólito – julgar na AR o anterior governo –, que as urnas já tinham julgado. Abriu-se a caixa de Pandora.
Guiné-Bissau – As tradições heroicas da luta pela independência e a memória de Amílcar Cabral não impediram a sua transformação num entreposto da droga, fértil em golpes de Estado, incapaz de se tornar um país viável.
EDP – Perante as últimas faturas, com o brutal aumento do custo da energia, muitos consumidores perdem o medo do escuro e passaram a ter medo da luz.
Submarinos – Na sequência dos subornos, que a Alemanha averiguou terem sido destinados a Portugal e à Grécia – países compradores –, foi preso o ex-ministro da Defesa. O da Grécia.
França – A vitória do Partido Socialista, na primeira volta das eleições presidenciais, abriu uma janela de esperança à Europa enquanto a expressão eleitoral da extrema-direita representou um murro no estômago dos democratas.
Madeira – O sátrapa vitalício já decidiu que não haverá redução de freguesias nos seus domínios, depois de o Governo se ter comprometido a pagar as dívidas da sua governação desvairada. A Região não é um problema político, é um caso de polícia.
25 de Abril – Podem as lutas partidárias prejudicar a data, nos dias que correm, mas a História há de registá-la como a mais gloriosa de oito séculos e aos seus autores como heróis da mais grandiosa das epopeias.
Tribunal Constitucional – A nomeação de juízes, indigitados pelo PS, PSD e CDS, correu da pior maneira para o prestígio da AR e do próprio TC. Exige-se aos dois maiores partidos mais cuidado e menos obsessão partidária nas escolhas.
Espanha – O agravamento brutal do desemprego, o aumento das taxas de juro da dívida soberana, a desconfiança dos mercados e a deterioração do clima social, vieram mostrar que a direita não tem soluções e que a crise é global. O resto é luta partidária.
Presidente da República – A facilidade com que esqueceu os sacrifícios dos portugueses, depois de ter obtido a queda do anterior Governo, revela que tem uma visão unilateral da cooperação institucional e da equidade uma preocupação intermitente.
Miguel Portas – A sua morte deixou de luto a política europeia. Portugal perdeu um eurodeputado, que foi uma referência ética da cultura e da cidadania, e um homem generoso, exemplar na dedicação à causa pública e na defesa dos mais carenciados.
BPN – A fraude de 8,3 mil milhões de euros, cometida por antigos políticos de primeiro plano, chegaria para pagar três anos de subsídios de férias e de Natal. Os acusados esgotaram o catálogo de crimes que podiam cometer. Os portugueses esperam que não fiquem impunes.
Legislação laboral – A escalada contra os direitos dos trabalhadores reduziu as indemnizações por despedimento, decisão que não facilita a alegada criação de postos de trabalho, como prometido, e apenas espolia os despedidos a favor da entidade patronal.
Comentários
dificilmente se recupera uma economia de consumo e de construção civil
que existia a crédito e se expandia graças ao crédito
30 lojas numa rua pertencentes a duas sociedades
ou dezenas de farmácias falidas pertencentes a uns burlões já conhecidos há anos
são um retrato dos milhares de empresas que sobreviveram com crédito barato e lucros nulos durante anos