Segunda carta ao Presidente do ACP
Ex. mo Senhor
Carlos Barbosa carlos.barbosa@acp.pt
Carlos Barbosa carlos.barbosa@acp.pt
Diretor do A C P Cc.
revista@acp.pt
Lisboa
Senhor Carlos Barbosa
Em resposta à minha carta, recebi a sua estimada epístola,
que mereceu a minha melhor atenção, e à qual vou responder por pontos, seguindo
a metodologia de V. Ex.ª, evitando os atropelos gramaticais:
1 – Refletirei sobre a qualidade de «muito infantil» que
genericamente me atribui por ter visto na insólita queixa do ACP ao DIAP um ato
de cariz partidário;
2 – Registei que nunca se meteu, nem meterá em política, donde
deduzo que, em caso de nova ditadura, já sei quem pactuará com o seu silêncio,
mas a atitude tomada revela, no mínimo, uma exceção;
3 – Desconheço o mandato dos sócios para, sob o álibi da sua
defesa, o ACP tomar uma atitude persecutória em relação a governantes do último
Governo, à semelhança do que fez ao presidente da Câmara de Lisboa, António
Costa, cuja eleição lhe causou azia;
4 – Registo a ausência de relações do ACP com o Largo do Rato
e a Rua de S. Caetano, à Lapa, bem como a ausência de intenção do cidadão
Carlos Barbosa de usar o lugar de presidente para transformar o ACP em partido
político, bravata de quem sabe não estar à altura, nem ter estatutos que lho
permitam;
5 – Afirmar que “há diferentes opiniões entre juristas do PS
e independentes” (outros) é uma ofensa gratuita aos juristas por quem pensa que
o direito se molda às convicções partidárias, sendo desmentido pelas afirmações
contrárias do Professor Costa Andrade, fundador e militante do PSD, catedrático
de Direito Penal, em Coimbra;
6 – Tomo nota de que preciso de um espelho para ver que sou “um
medíocre cidadão”, contrariamente a V. Ex.ª que nem precisa de espelho;
7 – Felicito-o pelos 97% de votos que recolheu nas últimas
eleições, um resultado a fazer inveja ao querido líder da Coreia do Norte, mas não
reconheço ao enxofrável presidente do ACP o direito de me aconselhar a deixar
de ser sócio;
8 – Registo que, não havendo censura na revista do ACP, ela
será exercida pelo seu presidente, que certamente nem precisa de consultar a
direção, com o argumento de que «o nível dos nossos sócios é claramente
superior» ao meu. E, provavelmente, superior ao do respetivo presidente;
9 – Finalmente, por me parecer deficiente a sua formação
democrática, aproveito para lhe dizer que a democracia é também o respeito
pelas minorias.
Apresento- lhe os meus cumprimentos e fique bem.
Alfredo Carlos Barroco Esperança
(Sócio N.º 34024-0)
Comentários
- a de Cavaco Silva à Presidência da República;
- e a de Carmona Rodrigues à CML.
Temos de inferir de que - pelo menos - nestas duas situações 'passou (e) bem' (...pela política).
Finalmente, o esgrimir - por qualquer cidadão - do argumento que 'não se mete em política' leva a 2 constatações:
- Ou, não se trata de um cidadão de corpo inteiro;
- Ou, pretende-se ocultar 'algo'.
Este, aliás, foi um dos habituais refúgios de alguns espectadores passivos (para não lhe chamar colaboradores) durante, p. exemplo, o tempo da ditadura, em que a assumpção dos direitos e deveres de cidadania, foi trocada - por alguns - pela equívoca expressão: 'a minha política é o trabalho!' desvalorizando, deste modo, 'os outros' (cidadãos)...
O mesmo tentou fazer o seu 'candidato' Cavaco Silva que, como recordamos, ao apresentar a candidatura à PR, pretendeu passar por um 'não-político' e, deste modo, esconder - num ápice - uma longa carreira política (que se terá iniciado no Governo de Sá Carneiro) e partidária (mais de 10 anos como Presidente do PPD/PSD).
Enfim, velhos 'hábitos'...que quando o 'vento' é de feição vêm ao de cima.