Dr. Miguel Relvas, um caso exemplar
Não consta do currículo que o ministro apresentasse a esse
areópago do saber e da ética – a Universidade Lusófona –, a falsificação de
moradas que lhe tornou mais suculento o vencimento de deputado e que certamente
lhe poderia dar equivalência a maratonista. O dom da ubiquidade, com quatro
moradas diferentes, três em Tomar e uma em Lisboa, ainda o há de conduzir à
santidade dado que a Santo António bastaram duas, Lisboa e Pádua, para o elevarem
aos altares.
Também são omissas as viagens fantasmas ao serviço da
República e que não deixariam de lhe conferir o epíteto de astronauta, embora
ultrapassado pelo seu colega de bancada, o célebre deputado António Coimbra,
que ganhou o epíteto de Batman. Especialista em requisitar viagens em bloco à
AR, viagens que não realizava e creditava na conta-corrente da agência «que era
debaixo da sede da JSD», merecia bem a equivalência em engenharia financeira.
A pressão «inaceitável, mas não ilegal», sobre uma
jornalista do Público, recomenda-o para a
privatização da televisão pública, um serviço por uma boa causa. Já o negócio
das secretas se afigura perigoso para quem não se sabe se tem a confiança do PM
pelo que conhece a seu respeito ou se é o Dr. Relvas que mantém a confiança no
igualmente Dr., Passos Coelho, a quem obrigou a reiterar a confiança sem lhe
exigir um certificado sobre o currículo que lhe daria um doutoramento.
A «procura do conhecimento permanente» do Dr. Miguel Relvas
extasiou de tal modo o deputado e líder da JSD, Duarte Marques, que pretende a
punição de Mariano Gago por ser autor moral da burla da Lusófona graças à
legislação que criou. Já os deputados pela quota dos adultos pretendem a prisão
de Vítor Constâncio por não ter previsto as burlas do inocente bando da SLN/BPN
cuja absolvição se aguarda.
Num governo onde Paulo Portas se faz de morto e já todos
esqueceram as atribulações fiscais do antigo ministro da Defesa, a falência da
Amostra e as 61.893 fotocópias de documentos de Estado que levou para casa, sem
qualquer investigação policial, o caso do Dr. Relvas é um caso menor.
O Dr. Relvas pode sair do Governo mas o governo e a maioria
não sairão do Dr. Relvas. Nem o PR, tão enxofrado com o estatuto dos Açores,
com os sacrifícios dos portugueses (em outro Governo) e com as decisões da AR,
se referirá ao caso Relvas. Quem domina as secretas tem acesso às escutas
verdadeiras.
Ponte Europa / Sorumbático
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