A Espanha e a água portuguesa
A secretaria de Estado da Propaganda, com sede em Belém, aos costumes diz nada e, enquanto o Governo continua a campanha de intoxicação da opinião pública, todos descuram o gravíssimo problema da água que a Espanha gere sem respeito pelos interesses portugueses que ninguém defende.
Quem nos defende desta ameaça?
Quem nos defende desta ameaça?
Comentários
Tem sido assim nos ‘programas de coesão’ europeus onde a divergência de desenvolvimento (e não só económica) não pára de aumentar e no, sistema financeiro, quando surgem factores de crise (como os de 2008), somos ‘eleitos’ como bodes expiatórios para respostas experimentais do tipo do ‘empobrecimento criativo’ baseadas em transferências domésticas para os mercados que actuam ‘globalmente’.
Nos recursos naturais tem sido salientada para Portugal a relevância do mar e da extensa ZEE (que de exclusiva pouco tem!) mas a realidade mostra a destruição dos meios capazes de explorar tal dádiva. A nossa frota pesqueira está ser reduzida á ínfima expressão, varremos do mapa qualquer resquício de marinha mercante e a exploração científica dos recursos marinhos é embrionária. Ficamos – por enquanto - com as cagarras das ilhas Selvagens.
A questão da água um problema fulcral para o desenvolvimento ‘sustentado’ neste século tem tido objecto de muitos percalços desde a construção ad hoc de sucessiva de barragens no século passado que em relação aos grandes rios ibéricos (Douro e Tejo) tem levantado constantes sobressaltos, desmandos e conflitos (a notícia ‘linkada’ é um dos exemplos), até ao mais recente aproveitamento do Alqueva cuja quota de enchimento foi obrigada a ser ‘pensada’ (e executada) para proporcionar a possibilidade de futuros transvases para a Extremadura espanhola e área mais ocidental da Andaluzia.
As questões de soberania da (sobre) água, enquanto bem comunitário, são muito complexas mas os portugueses podem esperar sentados por alterações políticas que alimentem a redistribuição dos recursos naturais, respeitando as condicionantes dos equilíbrios ecológicos e com objectivos desenvolvimentistas (nomeadamente no sector primário). Na verdade, a soberania da água (como outras soberanias) está ameaçada pelo pensamento neoliberal. As noções de soberania decorrentes da Paz de Vestefália que definiram as regras de convívio internacionais estão a ser substituídas pelos mercados, ditos, ‘globais’, com um insaciável apetite para espoliar o Mundo e as pessoas dos seus bens.
E assim, o que poderá estar na calha será mais um malabarismo político (de perfume liberal) para justificar o intolerável, isto é, a privatização da(s) água(s) que, inicialmente, incidirá sobre a gestão e distribuição mas, paulatinamente, chegará às questões de posse.
Estranhamente, este assunto, ficou de fora na campanha eleitoral em curso.
Peço-te que publiques como post este comentário. Fica bem como post de domingo.
O comentário é um simples e desarticulado desabafo escrito ao sabor da indignação.
Entretanto, depois de escrito o citado comentário já tive oportunidade de publicar um post versando sobre o actual momento político nacional (Standard & Poor's).