Notas soltas: setembro/2015
Guiné-Bissau – A
excisão [mutilação sexual feminina] foi abolida pelo Parlamento em 2011. O tribalismo
criou um movimento que, alheio à dor e às consequências, pretende a revogação
da lei que pune o crime. Em nome da tradição e de Maomé.
Afeganistão – No
país onde, em maio, uma mulher acusada falsamente de ter queimado o Corão, foi
espancada até à morte por uma multidão em euforia pia, o chicoteamento de
mulheres acusadas de adultério continua a ser o mais popular divertimento
público.
União Europeia –
Ameaçada de desintegração pela falta de coesão, tornou-se refém de
nacionalismos, irrelevante na cena internacional e prestes a sucumbir entre a
vergonha da incúria perante a tragédia dos imigrantes e a submersão por uma cultura
alheia.
Filipinas – O
único Estado do mundo, além do Vaticano, que não legalizou o divórcio, força os
casais com casamentos falhados a continuar juntos ou a pedir a anulação, um
processo caro e demorado que muitos não podem pagar.
Migrações – Subscrevo
as palavras do jornalista Ferreira Fernandes no DN: «Abater os terroristas é
uma obrigação moral igual à de receber os refugiados». Face a terroristas é a
opção, mas prefiro morrer às mãos de um do que deixar de socorrê-lo no
naufrágio.
Ano Judicial – O
início passou a ser, por definição legal, o dia 1 de setembro de cada ano e a
cerimónia solene, obrigatória, esteve agendada para o dia 16. O PR, ao adiá-la,
por desvelo partidário, interferiu nas eleições com a desculpa de não
interferir.
Joana Amaral Dias –
Substituiu a ideologia e o programa político do movimento Agir pela nudez.
Sendo barriga de cartaz, do monólogo da barriga não restará mais do que o ruído
que a campanha eleitoral e a discussão de ideias dispensavam.
Xenofobia – A
pior direita chegou ao poder na Hungria, Chéquia, Eslováquia e Polónia. Á excelente
na construção de muros e na indiferença perante o drama que bateu à porta da UE,
gente que desafia a morte apenas para ter direito à vida.
Alemanha – Por
muito que custe, a Sr.ª Merkel revelou ser a maior estadista europeia em
relação à Grécia e continuou a sê-lo no apoio aos refugiados e no esforço para
que os outros países lhe sigam o exemplo, embora ameace vencê-la a dimensão do
drama.
Lehman Brothers – Em 15 de setembro de 2008, Bush deixou falir o
banco dos EUA. As dívidas dos Estados dispararam e o sistema financeiro
arruinou as economias mais débeis que a crise chinesa aprofunda. Será a crise
final do capitalismo?
Ministério da
Educação – Os currículos que este ano letivo passaram a ser obrigatórios excluíram
os métodos contracetivos e Doenças Sexualmente Transmissíveis da lista dos
temas prioritários de Ciências Naturais. Para os especialistas em Educação
Sexual é um erro. Ou foi má fé?
Novo Banco – O
adiamento da venda para depois das eleições é um reconhecimento do fracasso e da decisão errada de entregar o
negócio ao regulador, o Banco de Portugal. A insólita decisão foi um dos vários
expedientes para esconder o Governo e o défice.
Hungria – Canhões
de água, bastonadas, gás pimenta e lacrimogéneo foram meios que precederam a
ordem de atirar sobre os refugiados na fronteira sérvia, violando de forma
grosseira as convenções internacionais, em nome da ‘pureza cristã’.
União Europeia –
Se tivesse pressionado Orban como a Tsipras, não estaria no poder, em Budapest,
um nacionalista xenófobo e antieuropeu, a lembrar o passado sombrio do país que,
já em 1944, ainda deportou 800.000
judeus húngaros para as câmaras de gás.
Al Qaeda – Assaltantes mascarados atearam fogo à última igreja católica
do Iémen, vandalizada na véspera quando a despojaram da cruz, presumindo-se que
os autores pertençam a esta organização terrorista.
António Guterres
– Foi preciso um programa da RTP sobre refugiados para que o Alto Comissário das
Nações Unidas fosse visto pelo país onde tanta falta faz. É uma enorme
referência ética, política e intelectual. Que saudades!
Vaticano – A consciência
social do Papa Francisco não prova a existência de Deus mas revela o homem de
bem cuja mediação foi relevante para o fim do bloqueio dos EUA a Cuba. Surpreende
a animosidade que suscita dentro da sua própria Igreja.
Terrorismo eleitoral –
Não bastavam as sondagens da TVI, a Standard & Poor’s subiu, durante a
campanha, 1 nível ao lixo a que as agências do capital financeiro reduziram a
dívida pública, ao terem baixado 4 níveis, de uma só vez, ao mesmo governo
PSD/CDS.
Grécia – Apesar
da chantagem e humilhação feita pela União Europeia, preferiu quem lutou e foi
derrotado a quem nem sequer lutou e escondeu a dívida que todos sabem ser
impagável. Tal como a portuguesa e a de outros países europeus.
PCTP/MRPP – O fim
do slogan “Morte aos Traidores”, segundo Garcia Pereira, não os salvará “do
opróbrio e morte certa que os espera”. Com milhões de ‘traidores calados’ por
Mao, o sorriso que os adolescentes despertam nauseia num sexagenário.
ONU – É ciclópico
o desafio assumido por todos os países do mundo. A agenda global para 2030, tem
17 objetivos para o desenvolvimento sustentado e 169 metas. Erradicar a malnutrição,
desigualdades de género e desemprego, garantir a todos os jovens poderem
terminar o ensino secundário, combater as alterações climáticas, proteger
ecossistemas e assegurar o acesso de todos à água potável, são os principais e
unânimes desígnios. O desejo coletivo é já um bom prenúncio.
Catalunha – Os
independentistas dividiram-se com a maioria dos mandatos e a minoria dos votos,
mas os demónios nacionalistas ameaçam Espanha e arruínam a Europa.
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