Sobre a notação da Standard & Poor’s …


Se acaso necessitássemos de uma prova como a democracia está a ser destruída pelas teorias globalizantes a recente notação financeira da Standard & Poor’s (S&P) seria tremendamente esclarecedora.
Claro que esta revisão de rating vai ser explorada pelos círculos governamentais. Como se o aparente bónus que o sistema financeiro orquestrou, e resolveu anunciar neste momento, tivesse reflexos directos e imediatos nos bolsos e na qualidade de vida dos cidadãos. É a clássica atitude ‘patrioteira’ que a Direita tanto gosta e que proporciona ocultar os seus reais desígnios, onde a servidão (exploração) continua a persistir.

Independentemente da análise da ‘oportunidade’ desta revisão (em plena campanha eleitoral) protagonizada pela citada ‘agência de rating’ o conteúdo da análise que lhe está subjacente, e a fundamenta, é espantoso pela ausência de vergonha. Quando se afirma esperar que exista “… uma ampla continuidade das políticas, independentemente dos resultados das eleições de Outubro em Portugallink está tudo dito.
Não será possível continuar a esconder o clima de ‘ditadura financeira’ a que estamos a ser implacavelmente submetidos e a forçada inexistência de políticas alternativas, isto é, esmaga-se impiedosamente o cerne da democracia que – simplificando - é a avaliação dos resultados do desempenho (escrutínio) e, por outro lado, a escolha colectiva (maioritária) onde se delega, pelo voto, poderes para o  exercício de representação popular e das funções de soberania.

É por essa razão que incomodam, pela sua superficialidade e pelo aproveitamento imediatista, as frequentes citações sobre a Grécia.
Todos sabemos que confrontados com os recentes acontecimentos no berço da Democracia (à sombra da teoria da ‘vacina’) estes deveriam colocar-nos de atalaia para um facto que é sistematicamente ocultado. Mais importante do que analisar o que sucedeu ao Syriza, ou a Tsipras, será constatar o violento empurrão para o colapso da democracia que a atitude das instituições políticas e financeiras (europeias e mundiais) representou (e representa).
E em consequência desta moderação desconfiar dos que se apresentando como ‘realistas’ e 'pragmáticos' são, isso sim, os coveiros dos sistemas (políticos, financeiros, sociais e culturais).
Não é despropositado exigir prudência e algum recato na análise dos cíclicos problemas europeus e das suas ‘soluções’ obtidas à pressão, nomeadamente, depois da ‘crise grega’ ainda em curso (as eleições deste fim-de-semana assim o provam).
Seria mais inteligente confinar a ‘situação grega’ a uma batalha perdida. Todavia, a Esquerda deve saber tirar lições do 'caso grego' e mostrar-se determinada no arregimentar ‘soldados’ e preparar-se para ganhar a guerra que, inevitavelmente, se avizinha.

A revisão de notação oriunda da Standard & Poor’s e fundamentalmente os comentários que lhe estão anexos, não passa de (mais) um contributo bélico (para essa guerra que paira no horizonte). Só que vindo do outro lado da barricada.
Quem embandeirar em arco com esta revisão de ‘rating’ está, de facto, a tentar escrever um ‘conto para criancinhas’…

Comentários

Manuel Galvão disse…
1,2, 3, esquerda, direita...
a direita só se manteve algo mansa durante meio século, com medo do perigo dos sovietes.

Terminado esse perigo, voltamos a ter que recordar o que a História nos contou em tempos: Só é possível vencer a direita com um sabre numa mão e um fuzil na outra.

Não há outra maneira.

O camarada Estaline, lá no cimo etéreo aonde subiu, deve passar os dias agarrado á barriga, rindo e dizendo "queriam democracia à americana? então tomem!"

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