O Governo e o Banco de Portugal

Esta coligação e este Governo somam à incompetência a cobardia. Garantiram primeiro que a solução inventada para o BES não custaria um cêntimo aos contribuintes e, depois de verificarem o buraco que criaram, impuseram ao governador do Banco de Portugal, o regulador que devia ser árbitro, o ónus da venda do Novo Banco.

O Governo, ao reconduzir o governador do BP, pela primeira vez sem aval da oposição, como era tradição, minou-lhe a independência e deixou que a suspeição o atingisse. Não bastando a demolidora suspeita que deixou sobre a independência de tão decisivo cargo, impôs-lhe o ónus do fracasso e, para se poupar ao juízo dos portugueses, é de crer que também lhe sida o Governo a impor o adiamento da venda depois das eleições.

Por sua vez, o PR, que transformou Belém em secretaria de Estado da Propaganda deste Governo e desta maioria, adiou a sessão solene de Abertura do ano judicial para depois das eleições, mais de um mês decorrido sobre o início oficial.

Não há falta de transparência nas decisões que poupam este Governo e esta maioria ao julgamento do dia 4 de outubro.  Há um despudor óbvio e a fragilização do respeito por instituições cuja independência deveria estar acima de qualquer suspeita.

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