Deus e o Diabo em Meca

Dizem os crentes que Deus está em toda a parte e é de crer que o seu reverso, o Diabo, também. Se não existisse turismo religioso e o entusiamo das multidões por maratonas pias, Meca, Medina, Jerusalém, Lourdes ou Fátima tornar-se-iam destinos sem sentido.

O Islão, cópia grosseira do cristianismo com laivos de judaísmo, tem no primarismo dos cinco pilares a sedução da facilidade e no extremismo dos princípios a atração fatal dos carentes de emoções fortes.

O facto de Maomé, analfabeto e amoral, ter sido o último profeta não permite ao Corão a atualização que o torne compatível com a democracia. Permanece assim um código de poder dos homens sobre as mulheres e dos que melhor o recitam sobre os outros.

Com dois milhões de peregrinos, ansiosos por apedrejarem o Diabo, na luta em que este sai sempre incólume os amigos do Misericordioso saem a perder. Há 25 anos foram 1426 os mortos, a maioria por asfixia, agora, com números ainda provisórios, já foram contabilizados 769 e 850 feridos. O  ministro da Saúde saudita, também entendido em questões de fé, designou a tragédia como «vontade de Deus».  

Com o Diabo sempre a sobreviver, para que o ódio não se perca, era mais sensato atirar pedras a partir de casa do que disputar a 2 milhões de fanáticos, em Meca, a tentativa de lhe acertar.

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